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domingo, 10 de novembro de 2024

Ler não é estudar, mas pode ser com o uso de técnicas

Muitas pessoas confundem ler com estudar. Embora existam vínculos e vivências muito próximas, a leitura e o estudo funcionam de formas diferentes e você pode utilizar a leitura para estudar desde que use metodologias que adequem uma ação à outra. Este trabalho visa lhe conferir referências para lidar com as situações de leitura e de estudo.


Saudações fraternas.


A leitura é uma atividade fundamental que permeia todos os aspectos da vida, especialmente em nossos tempos, sendo uma das principais fontes de informação e conhecimento que estruturam as nossas práticas cotidianas tanto em perspectiva pessoal quanto em perspectiva social. 


No entanto, é comum confundir a prática de ler com o ato de estudar. Embora possam parecer complementares, ler e estudar são processos distintos. Enquanto a leitura pode ser uma forma passiva de absorver conteúdo, o estudo exige uma abordagem mais ativa e crítica. 


Neste artigo, exploraremos como a leitura pode ser transformada em uma experiência de aprendizado eficaz quando acompanhada das técnicas apropriadas.


📌 Sobre a diferença entre ler e estudar:


Ler, em um sentido mais estrito, é o ato de decifrar símbolos e palavras, absorvendo informações de maneira mais ou menos passiva. É uma atividade que pode ser realizada de forma rápida e sem um propósito específico. Por exemplo, alguém pode ler um romance ou um artigo de jornal simplesmente para entretenimento ou informação superficial. Nesse contexto, a leitura não necessariamente resulta em aprendizado profundo ou retenção de conhecimento.


Por outro lado, estudar implica uma abordagem intencional e sistemática. Estudar envolve a análise crítica do material lido, a síntese de informações e a aplicação do conhecimento adquirido. É um processo ativo que requer concentração, reflexão e, muitas vezes, revisões. A diferença fundamental reside no propósito: enquanto ler pode ser uma atividade casual, estudar é um compromisso com a compreensão e a aplicação do conteúdo. No entanto, é possível utilizar a leitura como uma ferramenta poderosa de estudo, desde que se utilize a técnica certa.


Para distinguir de modo bem evidente, lembre quantas mensagens você leu em suas redes sociais, em seu WhatsApp, nas séries e filmes que assistiu, quantas delas foram utilizadas com a intenção de aprender algo? Quantas você nem sequer lembra de ter lido? Aqui reside a distinção do ato de ler e de estudar.


📌 Como transformar a leitura em estudo:


Para que a leitura se torne uma experiência de aprendizado, é necessário adotar algumas técnicas que promovam a assimilação e a retenção do conhecimento. Uma das abordagens mais eficazes é a chamada "leitura ativa". Isso significa que, ao invés de simplesmente passar os olhos pelas palavras, o leitor deve interagir com o texto de forma crítica. Isso pode incluir fazer anotações, sublinhar passagens importantes e formular perguntas sobre o conteúdo, ou até mesmo conversar com o texto. Essas técnicas ajudam a manter o foco e a estimular a reflexão sobre o que está sendo lido.


Outra técnica proveitosa é a "leitura reflexiva", que envolve a pausa para pensar sobre o que foi lido. Após cada capítulo ou seção, o leitor deve se perguntar: "Quais são os principais pontos abordados?", "Como isso se relaciona com o que já sei?" e "Como posso aplicar esse conhecimento na prática?". Essas reflexões permitem uma conexão mais profunda com o material e facilitam a retenção a longo prazo. Este ganho qualitativo na ação de ler é o que pode diferenciar de formas menos ativas de leitura.


Além disso, a "organização do tempo de leitura" é fundamental. Estabelecer um cronograma que divida o conteúdo em sessões menores e mais gerenciáveis pode tornar a leitura menos sobrecarregada e mais focada, produzindo intencionalidades especiais para a ação vivenciada. Isso também permite que o leitor tenha tempo para revisar e consolidar o que aprendeu, em vez de tentar absorver grandes volumes de informação de uma só vez.


📌A importância da curiosidade na leitura e no estudo:


Um fator crucial na transformação da leitura em estudo é a "curiosidade". Ter um interesse genuíno pelo que se está lendo pode aumentar significativamente a eficácia da aprendizagem. Quando o leitor se sente motivado e engajado, é mais provável que ele se aprofunde no material, busque informações adicionais e conecte conceitos. Essa curiosidade não apenas enriquece a experiência de leitura, mas também alimenta um ciclo contínuo de aprendizado.


Muitas vezes você consegue decodificar os símbolos que estão nas páginas, mas, será que você sabe de verdade os significados das palavras lidas? Você compreende os contextos específicos que levaram ao escritor a escrever daquela forma e não de outra? O que tornou a mensagem daquele jeito e não de outro? O que tornou aquele sentido específico? Em suma, ler exige uma determinada postura de decodificação, no entanto, isso significa que você compreender verdadeiramente os sentidos propostos? É o estudo sistemático que pode garantir os níveis mais elevados de compreensão do processo que está vivenciando.


A motivação também pode ser cultivada através da definição de "objetivos evidentes". Ao estabelecer metas de aprendizado, como a compreensão de um conceito específico ou a aplicação de um princípio em um projeto, o leitor pode direcionar sua leitura de forma mais eficaz. Esses objetivos servem como uma espécie de guia, ajudando a manter o foco e a aumentar a satisfação ao atingir marcos de aprendizado de um determinado objeto.


📌 Ler como um caminho para o estudo:


Embora ler e estudar sejam atividades distintas, a leitura pode – e deve – ser utilizada como uma ferramenta valiosa de aprendizado. Com a aplicação de técnicas adequadas, a leitura pode se transformar de uma atividade mais passiva em um processo ativo e enriquecedor. A leitura ativa, reflexiva e organizada, aliada a um espírito de curiosidade e motivação, pode levar a uma compreensão mais profunda e a uma retenção mais eficaz do conhecimento.


Portanto, ao abordar a leitura com a intenção de estudar, os indivíduos podem desbloquear um potencial significativo para o aprendizado. Ao final, a habilidade de ler bem – de maneira crítica e consciente – é uma competência que pode abrir portas para novas ideias, inovações e um entendimento mais amplo do mundo. Assim, ler não é apenas um ato de decifrar palavras, mas sim uma jornada rumo ao conhecimento e à sabedoria, quando realizado com a técnica certa.


Tendo em vista os elementos trazidos, talvez seja interessante que você, estimado leitor e estimada leitora, pare para refletir sobre qual o nível de passividade ou atividade que você vivencia ao realizar atividades de leitura.


Caso possa, ajude este material a chegar ao máximo de pessoas! Comente, compartilhe e curta nos canais de divulgação. Não esqueça de comentar aqui nesta publicação, como é o seu processo de leitura? Ele está alinhado com as conceituações propostas aqui?


Até breve.

Prof. Ricardo


Palavras-chave: Ler; estudar; leitura para o estudo; leitura ativa; leitura reflexiva; curiosidade; motivação; desenvolvimento pessoal; desenvolvimento acadêmico; intencionalidade na leitura.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

A petição pública no direito brasileiro e no exercício da cidadania


A petição pública é um instrumento de cidadania que contribui para o exercício da atividade do povo como construtor dos destinos de sua própria cidade, Estado ou nação. Conhecer e utilizar este instrumento de forma adequada no exercício político pode engrandecer a democracia e fortalecer as legitimidades dos poderes, fundamentando os rumos das ações na responsabilidade do povo pelas decisões que toma.


Saudações fraternas.


A petição pública é um dos instrumentos de participação cidadã no Estado de Direito, especialmente importante nos regimes democráticos, desempenha um papel fundamental no contexto jurídico,  possibilitando que a população exerça sua voz de maneira formal e organizada. 


Este mecanismo, alinha-se ao princípio da democracia participativa, permite que indivíduos e grupos possam reivindicar direitos, apresentar demandas ou expressar opiniões sobre questões de interesse público. Ao longo deste artigo, exploraremos a importância da petição pública no Brasil, seus fundamentos legais, os procedimentos envolvidos e exemplos práticos que ilustram seu impacto na sociedade.


Parece-nos pertinente a explanação acerca desta temática, especialmente na medida que a maior parte dos Estados-nacionais modernos e contemporâneos construíram a sua legitimidade nas categorias políticas republicanas e defensoras de regimes democráticos, ou seja, as construções sociais de tais locais concentraram os seus esforços na compreensão das "coisas públicas", ou seja, na concepção de que os elementos nacionais são pertencentes a totalidade dos cidadãos, e, na categoria democrática onde o exercício do cuidado do público é exercido pelo poder legítimo do povo.


Para garantir a pertinência deste trabalho, focaremos em explicar a petição pública no regime jurídico, democrático e cidadão vigentes no Brasil. É preciso delimitar a escolha feita para esclarecer o leitor (a) que outras abordagens são possíveis e tão férteis quanto a proposta trazida nesta ocasião.


📌 O que é a Petição Pública?


A petição pública no Brasil na estrutura posterior a Constituição Federal de 1988 é um instrumento que possibilita a cidadãos e entidades coletivas solicitarem aos poderes públicos a adoção de medidas, a revisão de atos administrativos ou a criação de leis.


Diferentemente das petições comuns, que podem ser apresentadas por qualquer pessoa em uma manifestação individual, a petição pública requer a assinatura de um número mínimo de pessoas, o que a torna uma verdadeira e legítima manifestação da vontade coletiva. Essa característica é essencial, pois é o elemento que legitima a demanda e a torna mais relevante perante as autoridades públicas.


O conceito de petição pública nos moldes atuais de nossa nação está amparado por normas constitucionais, como o artigo 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal de 1988, que assegura a todos o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Essa previsão constitucional não só reconhece a importância da participação popular, mas também estabelece um canal formal para que a sociedade possa se manifestar sobre questões que a afetam diretamente. É um reflexo do entendimento de que a democracia não se limita ao voto, mas se estende à participação ativa dos cidadãos na formulação e na supervisão das políticas públicas.


📌 Fundamentos legais da petição pública:


A petição pública, embora não possua um regramento específico na legislação brasileira, encontra suporte em diversas normas que garantem o direito de manifestação e participação popular. Além da Constituição, outras legislações, como o Código de Processo Civil e a Lei de Acesso à Informação, também estabelecem diretrizes sobre o direito de petição e o dever do Estado de responder adequadamente às demandas apresentadas pela sociedade.


Um aspecto importante a ser destacado é que a petição pública não deve ser confundida com outros instrumentos jurídicos, como os mandados de segurança ou ações populares. Enquanto estas últimas têm um caráter mais técnico e podem exigir a atuação de advogados devidamente registrados para a atuação profissional no sistema jurídico vigente, a petição pública é um instrumento acessível a todos, permitindo que qualquer cidadão, independentemente de sua formação ou conhecimento jurídico, possa participar da vida política e social do país através da colocação coletiva diante de toda autoridade estatal.


📌Procedimentos para a apresentação de uma petição pública:


Para que uma petição pública seja considerada válida, é necessário seguir algumas etapas fundamentais.


Primeiramente, é preciso elaborar um texto claro e objetivo, que exponha a demanda de forma detalhada e fundamentada, em perspectiva das leis ou realidades vigentes ou argumentos que sustentem a crítica à uma lei ou realidade vigente. O conteúdo deve abordar os motivos pelos quais a solicitação é feita, apresentando dados e argumentos que comprovem a relevância da questão e justifiquem a manifestação coletiva em favor do objeto pedido.


Após a redação do documento, deve-se reunir as assinaturas necessárias. A quantidade mínima de assinaturas pode variar conforme o tipo de petição e o órgão ao qual se destina, mas em geral, quanto maior o número de apoiadores, maior será a capacidade de pressão exercida sobre as autoridades para que a demanda seja atendida. As assinaturas podem ser coletadas de forma presencial ou digital, sendo que, nos últimos anos, plataformas online têm facilitado esse processo e aumentado a visibilidade das causas - tal como o famoso portal Petição Pública Brasil .


Uma vez coletadas as assinaturas, a petição deve ser protocolada oficialmente junto ao órgão competente, no setor de atendimento ao público-cidadão. É fundamental que o cidadão esteja atento aos prazos e procedimentos específicos de cada entidade pública, pois isso pode influenciar na aceitação de uma determinada demanda. 


Após o protocolo, o órgão público tem a obrigação de analisar a petição e responder ao solicitante, oferecendo um retorno sobre as medidas que serão tomadas ou as razões pelas quais a demanda não poderá ser atendida.


📌Exemplos práticos de petições públicas no Brasil:


Diversas petições públicas já mobilizaram a sociedade brasileira e resultaram em mudanças significativas. Um exemplo emblemático é a petição que solicitou a criação da Lei Maria da Penha, uma legislação importante no combate à violência contra a mulher. A mobilização popular e a coleta de assinaturas foram fundamentais para que a discussão sobre o tema ganhasse força no Congresso Nacional, culminando na aprovação da lei em 2006.


Outro caso que merece destaque é a petição pela preservação de áreas verdes em grandes cidades, como São Paulo. A mobilização de cidadãos em defesa de parques e praças tem gerado resultados positivos, como a criação de novas áreas de lazer e a proteção de espaços naturais, que são essenciais para a qualidade de vida da população. Essas iniciativas demonstram o poder da coletividade e a eficácia das petições públicas como ferramenta de transformação social.


Evidentemente, o instrumento da petição pública é um dos mecanismos para precionar as autoridades públicas, por isso, para que tenham eficácia é preciso justamente precionar tais autoridades em direção do interesse peticionado. Precionar não é uma agressão, ou um violência, ao contrário, é um modo civil, educado e procedimental de demonstrar o que determinadas autoridades não conseguiram identificar. Caso o problema seja a própria autoridade, a petição tem o sentido de demonstrar que todo o poder democrática de nossa república reside no povo, fazendo com que a voz coletiva se sobreponha a interesses particulares ou de uma determinada autoridade que pode estar equivocada numa situação.


📌 Para concluir...


A petição pública no direito brasileiro é um instrumento poderoso que reflete a vontade da sociedade e permite que os cidadãos participem ativamente da vida política e da construção de um país mais justo e igualitário. 


Embora ainda exista um caminho a ser percorrido para que esse mecanismo seja amplamente utilizado e reconhecido, os exemplos de sucesso mostram que a mobilização popular pode, sim, fazer a diferença na vida das pessoas, das comunidades, das cidades, dos Estados e da nação. Sendo assim, é fundamental que cada cidadão conheça seus direitos e deveres, sabendo como utilizar a petição pública como uma forma de exercer sua cidadania e influenciar as decisões que impactam sua vida e de sua comunidade. A prática contínua da petição pública é um passo importante na construção de uma sociedade mais participativa e democrática.


Não se trata de um mecanismo simples e burocrático, mas, de um instrumento que possibilita a organização de um conjunto de ideias legitimados de forma coletiva que podem concretizar realidades que estão em alinhamento com os interesses e as compreensões do povo. Como todas as circunstâncias que envolvem a política, muitas vezes a diversidade e a pluralidade de ideias podem ressaltar os conflitos de uma sociedade, no entanto, este conflito ter espaço institucional e funcional de solução cria uma coesão social onde cada cidadão e todos em conjunto atuam na direção da participação coletiva, transformando os conflitos em oportunidades de transformação das condições vigentes em condições que buscam melhorar a vida e o bem comum.


Espero que este texto tenha lhe provocado na reflexão acerca das formas de participar de nossa democracia. Caso possa apoiar este projeto comente, curta e compartilhe para que possamos chegar ao máximo de pessoas possíveis.


Aproveitando, escreva nos comentários deste texto quais temas ou circunstâncias você proporia uma petição pública. Quem sabe outras pessoas não se interessam e iniciamos um movimento coletivo de proposta de novas realidades de nossa vida?


Respeitosamente.

Prof. Ricardo


Palavras-chave: Participação política; cidadania; exercício da cidadania; petição pública; petição pública como exercício da cidadania; o papel da petição pública no estado republicano e democratico.

domingo, 3 de novembro de 2024

Rede social com consciência: como usar o Instragram com responsabilidade

Saudações fraternas.


Devemos reconhecer que o Instagram se tornou rapidamente uma das plataformas mais populares do mundo na categoria comumente chamada de "redes sociais". A plataforma oferece uma espécie de "vitrine visual", utilizando fotografias, imagens, artes, criações publicitárias, vídeos, dentre outros suportes audiovisuais, como meio de expressão pessoal, social e comercial.


Por uma perspectiva, poderíamos afirmar que o uso do Instagram criou possibilidades de criatividade, de conexões humanas novas, mas, também precisamos reconhecer que criou espaços inversos, de limitação na criatividade das pessoas e espaços de segregação social.


Junto com o avanço da popularidade, surgiram problemas desafiadores e significativos relacionados ao uso responsável desta plataforma. As formas como os "usuários" interagem na plataforma pode impactar negativamente na saúde mental individual, pode impactar negativamente em fenômenos sociais, produzindo discursos e ações de ódio e, também, pode afetar a validade das informações recebidas pelas pessoas através daquilo que se tornou popular chamar de "fake news".


Neste contexto, abordaremos neste trabalho, uma tentativa de indicar caminhos que permitam o uso consciente e responsável desta plataforma, promovendo um ambiente digital mais propício para relações humanizadas, éticas, legais e tolerantes, em perspectivas individuais e sociais.


De algum modo o uso das redes sociais, inclusive o Instagram, parecem naturalizadas, como se fizessem parte de uma certa característica humana das relações sociais, no entanto, tal naturalização se dá porquê vislumbramos que na internet vigoram as mesmas regras do mundo "off-line", mas, com toda certeza não é isso que ocorre. As redes sociais virtuais misturam a base das relações humanas e comunicação com elementos absolutamente moldados para os limites de funcionamento de cada plataforma, em tudo que isso pode ter de inovador e também de limitador.


📌 A importância do uso consciente do Instagram:


Deveria ser óbvio, mas o uso consciente do Instagram é vital para garantir a função da plataforma como espaço que serve de forma positiva as pessoas e a sociedade, promovendo relações humanizadas, cidadãs, éticas, legais e democráticas.


Precisamos compreender que o Instagram é um ambiente repleto de imagens idealizadas que produzem comparações e levam a pressões sociais, que impactam indivíduos e a própria organização coletiva. Diante deste mundo de imagens idealizadas, modeladas, intencionadas, é fácil perder a vista da realidade e cair em "armadilhas" que podem levar à baixa estima por si, a ansiedade por não bater as "metas do sucesso", participações em discursos e movimentos baseados em fontes falsas, enviesadas ou errôneas. 


Não podemos nunca esquecer que estamos sendo confrontados, enquanto usuários individuais, com vidas, objetos de consumo, culturas, locais, que não são os nossos. Tais aparições, através das telas diante de nossos olhos, revelam os nossos desejos, anseios ou vontades íntimas, tendendo a nos levar a constante vivência da frustração da "pequenez" da "vida real". Diante destas frustrações, passamos a nos cobrar para alcançar metas cada vez mais elevadas para a nossa vida, que podem ter uma função positiva em caso de produção de autodesenvolvimento ou podem levar a uma permanente constatação do fracasso pessoal, ou, ainda, faz com que as pessoas atuem em suas publicações produzindo uma realidade paralela (falsa) onde fingem ser os objetos de seu desejo. É para mitigar estes efeitos negativos e obtusos que precisamos adorar um uso consciente do Instagram.


Ainda, a maneira como consumimos e compartilhamos os conteúdos do e no Instagram pode influenciar toda a dimensão cultural e as dinâmicas sociais. As redes sociais possuem o poder de modelar a opinião pública massificada, cria tendência e impacta as formas como as pessoas se relacionam fora do ambiente virtual. O modo como os conteúdos aparecem torna difícil classificar o conteúdo que está sendo apreciado. Como distinguir uma notícia verdadeira de uma falsa, uma anedota de uma opinião, uma piada de uma afirmativa? Ou a população passa a adquirir alto domínio dos recursos linguísticos e tecnológicos utilizados, ou simplesmente tudo aparece feito da mesma coisa, uma imagem trabalhada para emitir um significado, qual a validade do significado exposto? Isto é o que está em jogo no ambiente das redes sociais. Existem os que estão utilizando para produzir boas oportunidades, existem oportunistas, golpistas, existem vendedores, existem políticos e existem antipolíticos, tudo misturado e aparecendo com a "mesma forma".


📌 Quais as práticas responsáveis no Instagram?


Cultive um "Feed" ou vitrine responsável! Um dos primeiros passos para o uso responsável é curar, no sentido de curadoria, do que aparecerá para você. Siga os perfis e valorize através dos recursos da plataforma os conteúdos explicitamente responsáveis (aqueles que buscam apresentar a realidade, sem ocultar informações ou tentar ludibriar o usuário).


Busque perfis e publicações que inspiram, no sentido mais estrito do termo. Busque manter o contato com pessoas que lhe apoiem, que ajudam o seu desenvolvimento, que lhe ofereçam padrões reais de existência, em suma, que não permita que você tenha uma visão negativa de si e da realidade, mas que lhe proporcione uma visão consciente dos pontos que são bons, os que são ruins e como lidar com cada um deles de modo adequado.


Apoie conteúdos educativos no entretenimento. Ou seja, pense que o que você está consumindo em seu tempo livre é uma espécie de alimento para o seu intelecto, tudo bem comer uma "besteira" de vez em quando, mas, o ideal é ter uma dieta saudável. Para a sua mente também, é evidente que muitas das ofertas para o nosso alimento intelectual podem ser as "besteiras", as "guloseimas", talvez possamos consumi-las, mas, somente tendo consciência plena dos impactos que causam em nosso corpo/intelecto.


Nunca exite em deixar de seguir ou silenciar contas que promovam padrões de beleza, morais, econômicos, de vida, de política, em suma, em geral, que levem a negatividade, levam as atitudes destrutivas e violentas. Não subestime o poder que a tela diante dos nossos olhos possui, tudo aquilo que estamos "consumindo" nos afeta, afeta a nossa percepção de si e a nossa percepção acerca do mundo. Faça escolhas conscientes sobre o que consumir, como consumir, porquê consumir, quanto tempo consumir. Desta forma você contribui para um ambiente digital mais saudável.


Evidentemente, não estamos propondo que você viva numa "bolha", num ambiente absolutamente controlado para que você veja apenas conteúdos que projetou como positivos. A proposta é que os assuntos sérios sejam tratados com as devidas seriedade, as situações irreverentes sejam vividas com a alegria, as condições de tristeza com solidariedade. Dito de outro modo, precisamos compreender o ambiente para intervir na justa medida dele. 


É muito importante, também, que você entenda que o que você publica também é muito importante. Antes de publicar algum conteúdo considere os impactos que o seu conteúdo pode ter nos outros. Pergunte-se: "Qual é a mensagem que estou passando?", "qual o nível de exposição da minha própria vida ou de minha atividade que estou produzindo?" Ao ter um cuidado com a sua própria maneira de produzir nas redes sociais você se torna um agente de mudança, contribuindo para que o espaço seja visto como ambiente onde todos podem ser respeitados e valorizados.


Ao compartilhar informações ou conteúdos que envolver temas sensíveis, polêmicos ou que promovem debates, verifique a veracidade do que está divulgando. A desinformação pode se espalhar rapidamente nestes instrumentos virtuais, você pode estar alimentando um sistema negativo e de interesses obscuros, contrários aos princípios das nações democráticas atuais. Seja um consumidor e produtor crítico de informações, assim, preserva-se as relações, protege os vulneráveis e responsabiliza os com intenção negativa.


O uso excessivo do Instagram pode levar a sentimentos de ansiedade, de estresse e outras condições oriundas das quantidades vertiginosas de informações que passam diante de nossos olhos. Para buscar um equilíbrio mental, considere com seriedade limitar o tempo para interação na plataforma, isto vale para todas as idades - a política do Instagram é que a plataforma só pode utilizar acima de treze anos, mas, é deveras necessário atentar para o uso, tempo de uso e até o não uso em condições específicas para preservar a saúde mental e o bem-estar social.


Uma prática interessante pode ser a prática de "desintoxicação digital", que envolve períodos sem acesso às redes sociais, estimulando a concentração em outros tipos de atividades que podem garantir a qualidade de vida e o bem-estar social.


📌 Dimensões de responsabilidades:


Usar o Instagram com responsabilidade é uma escolha que requer conscientização e comprometimento tanto individuais quanto coletivos. Cada um de nós desempenha uma papel na criação de um espaço digital responsável.


No entanto, precisamos reconhecer que a responsabilidade não é exclusivamente individual. Para um ambiente saudável é necessário esforço coletivo. Devemos adotar práticas que contribuam para a promoção das melhores virtudes humanas e diminuir ao máximo possível os vícios e males.


A própria plataforma, o Instagram, também precisa atuar com muita responsabilidade para a construção de um ambiente saudável nas redes sociais, afinal de contas, eles dominam, controlam e gerem os conteúdos das plataforma, concedendo-lhe responsabilidade pelos conteúdos de seus usuários, os alcances das mensagens e as consequências dos conteúdos ali promovidos.


Enfim, o uso consciente pode ser uma via para o uso, mas, devemos entender que esta via só se concretizará com a atuação comprometida de todas as partes envolvidas. Sem o comprometimento problemas severos continuarão derivando do mal uso da plataforma e causando consequências individuais e coletivas.


O uso consciente é responsabilidade de todos e de cada um, cada cidadão e cada instituição social, inclusive as empresas privadas que se valem deste mecanismo.


Espero que este material ajude você a encarar de frente a realização de sua vida digital no Instagram. Caso tenha gostado, apoie este projeto comentando, compartilhando e criando a oportunidade para este material chegar ao máximo de pessoas.


Até breve.

Respeitosamente.

Prof. Ricardo


Palavras-chave: Instagram; Redes sociais; consciência; responsabilidade; uso responsável; consumo responsável; cidadania; pensamento crítico.

sábado, 13 de julho de 2024

Cadernos de Estudos e Pesquisas do Professor Ricardo de Jesus Lopes



Saudações estimados leitores e estimadas leitoras.

Por um longo tempo sonhei com a produção deste canal autoral. Por ser um pouco mais tradicional  nos estudos e no trabalho que as gerações que utilizam estes recursos digitais com primazia de suas práticas, enfrentei dificuldades pessoais para conseguir entender o objetivo, a finalidade e o modo operacional de trabalhar num site/blog.

Por longos tempos relutava em criar as publicações, ou me recusava a publicar, porque não considerava os textos em que trabalhava prontos. Até mesmo os que publiquei, após releituras, gostaria de mudar uma coisa ou outra. Mas, então entendi, faz parte da natureza deste veículo esta condição.

Evidentemente, dada a condição de meu labor, não conseguirei publicar na frequência dinâmica que este canal pede artigos com algum critério acadêmico-científico e, menos ainda, textos de alguma relevância filosófica. Cabe a este tipo de trabalho que realizo, a submissão às chamadas revistas especializadas ou periódicos acadêmicos. Foi aí que entendi, estava errado no modo como compreendia e produzia meu portal.

Após a constatação da falha a pergunta que se tornou latente foi: abandonar este projeto ou viabilizar algo honesto para ele que pode ser de valia para leitores e leitoras?

Foi então que passei a pesquisar e refletir em qualificar, respeitar os limites pessoais e garantir a honestidade dos trabalhos aqui postados. Eureka! (Talvez não tenha sido assim tão genial, foi apenas uma lucidez). Tendo em vista que um blog utiliza linguagens de uso diário e que meu objetivo é promover a filosofia e a educação, o jeito era me inspirar na tradição e tentar adaptar aos modos de nossos tempos.

Muitos textos que estudamos dos grandes pensadores e pensadoras da humanidade são manuscritos, escritos que seus autores e autoras escreviam enquanto ainda estudavam, no tempo do papel como suporte. Algumas edições publicam tais textos como Cadernos de Estudos, Cadernos Filosóficos, em suma,  seja lá qual o melhor nome, são os desenvolvimentos de estudos, pesquisas, reflexões, fichamentos, problematizações, os registros dos caminhos que levam a produções maiores. Este tipo de conteúdo, intermediário, de processos, produzo em boa quantidade diariamente e pode ter algum valor para os leitores e leitoras caso lhes dê a oportunidade de interagir com tais objetos, por isso, agora, dedicarei uma atenção especial para adequar a linguagem dos materiais que já produzo diariamente apenas acrescendo o cuidado de considerar um leitor que não é exclusivamente o autor.

Sendo assim, a partir daqui proponho uma guinada produtiva neste canal. Ao invés de produções de textos de cunho mais delimitado, concedi-me a liberdade de utilizar este blog de duas maneiras. As publicações diárias em formato que estou chamando de Cadernos de Estudos e Pesquisas (CEP), contendo objetivos mais modestos, expondo processos e caminhos que estou percorrendo. E, também, permitirei a publicação daqueles resultados mais robustos, pesquisas e estudos em etapas mais avançadas.

Para organizar as publicações utilizarei o nome de Cadernos de Estudos e Pesquisas e aglutinarei os temas de tais estudos e pesquisas no nome que produzirá os marcadores que ficarão expostos ao público. Publicações maiores que os estudos diários ficarão no marcador Estudos e, por fim, divagações, ensaios e textos em fase ainda de rascunho ficarão determinados pelo marcador Doxa.

Eu sei que este texto talvez seja uma explicação que serve somente para o autor que está produzindo uma nova organização e, de fato meus caros e caras, não tenho a pretensão de alcançar a genialidade sem antes passar por muito labor. O que estou propondo com a produção deste texto, já é o primeiro passo da mudança proposta, ou seja, mesmo que ainda não esteja diante dos resultados que quero alcançar, passarei a registrar os caminhos que percorro, as ideias, as reflexões e dúvidas da existência para que em algum momento sejam subsídios para uma análise maior de todos os feitos que levaram a algum produto. Toda consequência é derivada de uma causa.

Espero ter a sua companhia nesta jornada intelectualmente desafiadora, afinal, reconheço com uma lucidez que jamais sonhei ter o tamanho de minha ignorância.

Até o próximo texto.
Atenciosamente.
Prof. Ricardo de Jesus Lopes

Ler não é estudar, mas pode ser com o uso de técnicas

Muitas pessoas confundem ler com estudar. Embora existam vínculos e vivências muito próximas, a leitura e o estudo funcionam de formas difer...