sexta-feira, 25 de outubro de 2024
"Quando tudo for privado, seremos privados de tudo": Uma crítica à privatização do bem e do serviço público
domingo, 20 de outubro de 2024
A "Filosofia" nas palavras cantadas por Noel Rosa
Noel Rosa (1910-1937), um dos maiores nomes da música brasileira, nos presenteou com um vasto repertório que transcende a música, demonstrando a sua relevância cultural e, cá entre nós, trazendo para a esfera popular temas sofisticados tal como a Filosofia. Suas canções, repletas de ironia e crítica social, convidam à reflexão sobre a condição humana. A música "Filosofia" é um excelente exemplo disso, abordando temas profundos de forma poética e acessível.
Nesta ocasião, gostaríamos de propor uma interpretação reflexiva de como o gênio de Noel Rosa pode instigar a reflexão pessoal, mas, também, instigar para um olhar voltado para a tradição filosófica.
Evidentemente, por se tratar de uma canção, talvez seja muito adequado começar a nossa reflexão ouvindo sua interpretação poética e conhecer detalhadamente a letra:
Filosofia
📌 Uma Desconstrução:
Em "Filosofia", Noel Rosa nos convida a uma reflexão sobre a vida, a sociedade e o indivíduo. A letra, aparentemente simples, revela uma complexidade que nos leva a questionar nossas próprias escolhas e a forma como nos relacionamos com o mundo.
A letra da música coloca em evidência o conflito entre o desejo de individualidade e as imposições sociais. Noel Rosa se questiona sobre a melhor forma de viver, se conformando às regras da sociedade ou seguindo seus próprios instintos. Podemos dizer que esta dualidade é uma questão filosófica na medida em que considerarmos se é possível ou não separar indivíduo e coletividade, ou em determinar os níveis que se manifestam tal relação, categorizando e racionalizando a vida à moda filosófica.
A busca incessante pela felicidade é outro tema central da canção. Noel Rosa ironiza a ideia de que a felicidade possa ser encontrada em bens materiais ou em uma vida de aparências. Ele sugere que a verdadeira felicidade está em encontrar um equilíbrio entre os desejos pessoais e as necessidades da alma. No fim das contas, embora exija-se socialmente a aparência da riqueza, Noel deixa explícito que o objeto da da verdade da vida não reside ali.
A letra da música também é uma crítica à hipocrisia e à superficialidade da sociedade. Noel Rosa denuncia a futilidade de muitas das nossas preocupações e a importância de cultivar valores mais profundos. Enquanto uma suposta aristocracia seria vista como portadora da felicidade aos olhos da sociedade, Noel reforça que quem detém tal alegria na verdade é aquele que se desvincula das hipocrisias e futilidades das normas sociais vigentes - e vale lembrar que Noel está criticando a sociedade brasileira da década de 1930, mais especificamente a sociedade carioca.
A música "Filosofia" nos mostra que a obra de Noel Rosa vai muito além do mero entretenimento - sim, já houve tempo em que a cultura estava além do entreter. Suas canções são verdadeiras lições de vida, que nos convidam a refletir sobre questões existenciais, dos modos pelos quais queremos e atuamos para conduzir a nossa vida, e, também, a construir uma sociedade mais justa e humana, talvez livre dos processos limitadores da liberdade de nossa existência que são ilustrados na superficialidade de uma "elite" cultural e social.
A canção "Filosofia" de Noel Rosa é um convite à reflexão sobre a condição humana e a busca por um sentido para a vida. Ao analisar a letra, podemos perceber que o compositor brasileiro antecipou muitas das questões que ainda hoje nos inquietam. Sua obra, portanto, continua relevante e atual, inspirando novas gerações a pensar de forma crítica e independente.
E você, o que achou da música? Como compreende a crítica proposta por Noel Rosa em sua clássica obra "Filosofia"? Ainda estamos vivendo de modo superficial e fútil? Ainda "fingimos ser ricos para ninguém zombar da gente"? Ou, já entendemos que a vida precisa ser fiel ao próprio sentido de nossa existência?
Espero que tenha gostado desta breve reflexão. Caso possa, ajude este projeto comentando, compartilhando e curtindo. Com o seu apoio poderemos levar o pensamento crítico e a tradição filosófica para mais pessoas.
Até breve.
Respeitosamente.
Prof. Ricardo
Palavras-chave: Filosofia; Noel Rosa; Música Popular Brasileira; Samba; Refletir a vida; Reflexão sobre a vida e sobre a sociedade.
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
Relações Desumanas no Trabalho
Saudações.
O ambiente de trabalho, que deveria ser um espaço de crescimento e desenvolvimento, ou no mínimo um lugar de busca por alguma harmonia social, muitas vezes se transforma em um campo minado de relações desumanas. A pressão por resultados, a competitividade exacerbada e a falta de empatia têm gerado um cenário cada vez mais desgastante para os profissionais.
Talvez seja demasiado esperançoso esperar do ambiente laboral possibilidades de crescimento e desenvolvimento, mas, sinceramente, talvez o nosso contexto pode ser chamado de cruel. As relações humanas básicas estão deterioradas. Um colega ou nós mesmos adoecemos, qual a reação dos que ficam no trabalho e dos "chefes"? Somos tratados com amizade, coleguismo e um mínimo de atenção, ou somos vistos como um problema, uma pessoa que atrapalha na ocasião? Quem se importa em saber como estamos nestes momentos?
Muitas são as situações em que relações desumanas acontecem nos espaços profissionais de nossos tempos, para tentar elucidar a questão, gostaria de expor algumas condições degradantes que estamos sujeitados. Quem sabe buscando esclarecer não mudamos um pouco a nossa experiência?
Sentir-se valorizado é fundamental para qualquer profissional. A ausência de reconhecimento pelo trabalho realizado pode gerar desmotivação e insatisfação. A falta de reconhecimento pode ser ilustrada de várias formas: quando o profissional é tratado como substituível de modo recorrente, quando o trabalho desempenhado é tratado como feito que qualquer um poderia fazer, ou, quando ausente todos se comportam como se tudo estivesse normal e a ausência fosse irrelevante.
Atitudes como humilhação, críticas constantes e isolamento podem causar danos psicológicos e físicos aos trabalhadores. Estas situações são recorrentes nos ambientes profissionais, muito embora as justificativas não sejam sempre explícitas. Quando o ambiente produz um grupo que supostamente está "alinhado" e outro que não, o desgaste é inevitável. Obviamente, quando existe relações de poder envolvidas, as situações se tornam ainda mais cruéis.
A exigência de cumprir metas cada vez mais altas em prazos curtos pode levar ao estresse e à exaustão. O mito do máximo de trabalho com o mínimo de recursos, para otimizar gastos, leva aos que estão trabalhando no limite de uma vulnerabilidade única. Quando os resultados ou falhas acontecem, a aparência é que tal pessoa foi incompetente, quando, na verdade, a estrutura desgastou tanto que tornou inviável cumprir as expectativas. A frustração se torna pessoal, mas trata-se de uma falha coletiva.
A comunicação explícita e eficaz é essencial para um bom relacionamento interpessoal. A falta dela pode gerar conflitos e mal-entendidos. Quando se pressupõe atuações e responsabilidades, sem a existência de combinados firmados, aqueles que se julgam afetados passam a realizar julgamentos injustos que humilham os que estão no objeto da crítica.
As relações desumanas no trabalho não são apenas um problema individual, mas um problema social que precisa ser combatido. É fundamental que as instituições e empresas invistam em um ambiente de trabalho mais humano e saudável, onde todos se sintam valorizados e respeitados. E, nós trabalhadores (as) temos obrigação de fazer nossa parte e atuar sistematicamente em nome da humanidade nas relações laborais.
Comente abaixo e me diga o que achou deste texto! Contribuiu para pensar a respeito do tema?
#relaçõesdesumanas #trabalho #bemestar #saudemental #culturaorganizacional
Até breve.
domingo, 1 de setembro de 2024
"Naquela Mesa": Uma experiência de memória e saudade
Saudações.
A canção "Naquela Mesa", imortalizada na voz de Nelson Gonçalves e de tantos intérpretes ilustres, transcende as notas musicais e se transforma em um verdadeiro retrato da alma humana através de uma poética única. Através de versos simples e carregados de emoção, a música nos convida a uma profunda reflexão sobre a importância da família, da memória e da inevitabilidade da perda.
Para que você possa sentir do que estou falando e dos motivos pelos quais escolhi esta música, gostaria de compartilhar algumas das versões que mais gosto e emocionam:
📌A mesa como símbolo:
A mesa, elemento central da canção, representa muito mais do que um simples móvel. Ela se torna um símbolo do lar, do aconchego e dos momentos compartilhados com os entes queridos. É ao redor da mesa que se reúnem as famílias, que se contam histórias e que se fortalecem os laços afetivos.
Quando pensamos na expressão "naquela mesa", o nosso imaginário faz uma ligação direta com nossas memórias, proporcionando imediatamente uma imagem mental para nós, imagem esta que nos leva as nossas próprias histórias de casa. Foi naquela mesa que recebemos os conselhos, que ouvimos as anedotas, que conversamos sobre os planos de família... em suma, a figura da mesa nos suscita memórias, lembranças e afetos.
📌A ausência e a saudade:
No entanto, a canção também nos confronta com a dor da ausência. A mesa, antes repleta de vida e alegria, torna-se um lugar de saudade e melancolia. A figura paterna, antes presente e acolhedora, agora está ausente, deixando um vazio imenso no coração de quem ficou.
É evidente que a música "pega" mais quem passou pela perda, mas, não é só sobre essa ligação pessoal que a música afeta. Na verdade, a canção proporciona uma dimensão de ancestralidade, de ligação com nossas raízes familiares, entendendo este termo menos como categoria e mais como laço afetivo.
No fim das contas, quem ficou, quem experiencia a vida, precisa lidar com o fenômeno da finitude e a tristeza não é dispensável, mas, ao contrário, é uma experiência fantástica da vida por nos colocar na dimensão precisa de lidar com a falta que nos faz os lugares vazios que outrora foram preenchidos por pessoas amadas.
📌A força da memória:
Mesmo diante da dor, a música nos mostra a força da memória. As lembranças dos momentos vividos ao redor daquela mesa são como um bálsamo para a alma, permitindo que a figura do pai continue viva no coração de quem o amou.
A memória é uma forma de existência real. Através da memória podemos superar a nossa limitação temporal do agora, fazendo do passado uma força do hoje. A música explora isso de forma magnânima, demonstrando o nosso potencial de honrar os nossos afetos e lembrar como nos tornamos estes de hoje.
📌Um legado atemporal:
"Naquela Mesa" é mais do que uma simples canção. É um hino à vida, à família e à memória. Suas palavras ecoam em nossos corações, nos lembrando da importância de valorizar os momentos presentes e de cultivar os laços afetivos.
Talvez nem todas as pessoas tenham a sorte deste tipo de vínculo trazido na canção, mas, inclusive para quem não teve, ergue-se a possibilidade de sentir este tipo de experiência. Por isso, talvez não seja exagero falar que a música possui um legado atemporal.
Naquela mesa é uma expressão poética do amor, da valorização da vida e da memória, expressão de nostalgia e saudade, mas, acima de tudo, é expressão da condição humana que está sujeita as tristezas e saudades oriundas de nossa finitude.
📌Explorando a letra:
Nada que eu fale ou tente explicar pode substituir o contato direto com a poesia e a potência do próprio compositor. Por isso, para finalizar este texto gostaria de lhe proporcionar o contato direto com o que tentei expor.
Naquela mesa
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Fonte: LyricFind
Compositores: Sergio Bittencourt
Letra de Naquela mesa © Editora e Importadora Musical Fermata do Brasil Ltda.
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E você, tem alguma lembrança especial relacionada a uma mesa e à família? Compartilhe nos comentários!
Até breve!
domingo, 14 de julho de 2024
"Tinha eu quatorze anos de idade": A crítica veemente e delicada de Paulinho da Viola e Elton Medeiros
14 Anos
"Creio que seja muito óbvia a condição que tanto emociona alguém que sonhou ser músico durante toda infância/juventude e escolheu a carreira em filosofia para a vida adulta, no caso este autor que lhes escreve. Mesmo sabendo que o prestígio pela carreira em filosofia tenha vertiginosamente caído em nossas terras, a canção ainda diz muito sobre o ideário de nosso povo. Talvez o único jeito que eu posso descrever pessoalmente como esta música me afeta é: "parece que escreveram para mim". Tenho certeza que cada um de vocês já sentiu isso com alguma música".
Ler não é estudar, mas pode ser com o uso de técnicas
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