sexta-feira, 18 de outubro de 2024
A Política na obra de Aristóteles: Estruturas, funções e a busca pelo bem comum
domingo, 13 de outubro de 2024
Uma resenha de "A República", de Platão
Saudações fraternas.
Uma das obras mais importantes da história da filosofia, e talvez da humanidade, foi escrita no século IV antes de Cristo, por aquele que se tornou referência clássica, Platão (c. 428 a.C.-347 a.C.). Não seria errado definir "A República" como obra de Filosofia Política, mas, é preciso reconhecer que ela não contribui exclusivamente para esta área, contribui muitíssimo para a Ética, a Epistemologia, a Antropologia e talvez mais uma dezena de campos de investigação humana.
Escrita por volta de 380 a.C., "A República" (em grego, Politeía) é uma obra em forma de diálogo, onde Sócrates, o mestre de Platão, é a personagem principal. O contexto da obra é marcado por um período de grandes transformações políticas em Atenas, após a Guerra do Peloponeso, que enfraqueceu a democracia ateniense e levou a uma série de conflitos e instabilidades internas. Platão, profundamente desiludido com a política de seu tempo, propõe nesta obra uma reflexão sobre a natureza da justiça, a organização ideal da sociedade e a educação dos agentes sociais, principalmente marcando um contraste nítido entre o ideal e o mundano.
"A República" é uma obra filosófica de grande abrangência que busca responder a perguntas fundamentais sobre a justiça, o conhecimento e a verdadeira natureza da realidade. Além disso, a obra é uma verdadeira síntese das principais ideias da filosofia platônica, como a teoria das ideias, o mito da caverna e a doutrina do filósofo-rei.
Exploraremos, nesta ocasião, uma resenha geral sobre a obra, deixando para futuras ocasiões o estudo pormenorizado e técnico do texto.
📌 Estrutura da Obra
"A República" está dividida em dez livros (ou seções), nos quais Platão explora de forma dialética (através de diálogos) os problemas da justiça e da sociedade ideal. A obra começa com uma discussão sobre a natureza da justiça e, ao longo do texto, desenrola-se em uma análise abrangente da política, da ética, da epistemologia e da metafísica.
📌Principais Temas e Argumentos
O Problema da Justiça (Livros I e II)
O diálogo começa com uma discussão entre Sócrates e outros personagens (Céfalo, Polemarco, Trasímaco) sobre a natureza da justiça. Sócrates logo desafia as definições tradicionais, como a justiça sendo "dizer a verdade e pagar as dívidas" ou "dar a cada um o que lhe é devido". O sofista Trasímaco argumenta que a justiça não é mais do que o interesse do mais forte, ou seja, uma questão de poder, não de moralidade.
É aqui que Platão começa a desenvolver uma teoria ideal de justiça, que não se baseia no interesse dos poderosos, mas na harmonia e na ordem da alma e da cidade. Platão rejeita a visão cínica de Trasímaco e sugere que a justiça é algo intrinsecamente valioso, tanto para o indivíduo quanto para a cidade, e não apenas o interesse dos fortes ou uma convenção social.
A Cidade Ideal e a Divisão das Funções Sociais (Livros II-IV)
Para entender a justiça no indivíduo, Sócrates propõe uma analogia com a cidade. Ele começa a descrever como seria a cidade ideal (kallipolis), alegando que ela seria composta por três classes principais, cada uma com uma função específica: Produtores ou artesãos (agricultores, artesãos, comerciantes) – responsáveis pela produção de bens; Guardas (guardiões ou soldados) – encarregados da defesa e da manutenção da ordem; Governantes (filósofos-reis) – aqueles que detêm o conhecimento verdadeiro e são responsáveis pela tomada de decisões.
Cada uma dessas classes corresponde a uma parte da alma humana, que Platão divide em três: A parte racional – relacionada à busca pela verdade e à sabedoria; A parte irascível – associada à coragem e à vontade; A parte apetitiva – ligada aos desejos e às necessidades corporais.
A justiça na cidade emerge quando cada classe cumpre sua função sem interferir nas funções das outras. Da mesma forma, a justiça no indivíduo ocorre quando as três partes da alma estão em harmonia, com a razão controlando os apetites e a coragem auxiliando.
A justiça é uma forma de harmonia, tanto na cidade quanto na alma. A cidade ideal é aquela em que todos desempenham suas funções adequadamente, sem conflitos ou usurpações.
A Educação e a Alegoria da Caverna (Livros V-VII)
Platão dedica uma parte significativa da obra à educação, especialmente dos filósofos-reis. Ele argumenta que os governantes da cidade ideal devem ser filósofos, pois só eles têm acesso ao conhecimento verdadeiro (a episteme), enquanto as demais pessoas vive limitada no mundo das opiniões (a doxa).
Neste ponto, Platão introduz sua famosa Alegoria da Caverna (Livro VII), uma metáfora poderosa que ilustra a diferença entre o mundo das aparências e o mundo das ideias. Na alegoria, os seres humanos estão presos em uma caverna, vendo apenas sombras projetadas na parede, sem perceber que há uma realidade verdadeira fora da caverna. O filósofo é comparado àquele que escapa da caverna e vê o mundo real (o mundo das ideias), compreendendo a forma do bem, que é a fonte de toda verdade e conhecimento.
A educação é o processo de ascensão da alma, do mundo das sombras (opiniões) para o mundo da luz (conhecimento verdadeiro). O governante ideal é aquele que compreende a verdade última (a forma do bem) e pode guiar a cidade com sabedoria.
O Mito de Er e a Imortalidade da Alma (Livro X)
No último livro, Platão apresenta o Mito de Er, uma narrativa sobre a vida após a morte. O mito descreve como as almas são julgadas após a morte e escolhem seu próximo destino. A importância dessa passagem é dupla: Platão reforça a ideia da reencarnação e da vida justa como uma preparação para a outra vida, e também oferece uma conclusão moral para toda a obra, enfatizando que vale a pena viver uma vida justa, pois isso traz recompensas tanto nesta vida quanto na próxima.
A justiça é recompensada no além-vida, e a alma é imortal. O Mito de Er serve como um incentivo para a prática da justiça, sugerindo que o destino da alma após a morte está diretamente ligado à conduta moral realizada em vida.
📌A Teoria das Ideias na República:
A doutrina das ideias ou formas é central na filosofia de Platão e permeia "A República". Para Platão, as ideias são realidades eternas e imutáveis, das quais o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita. O conhecimento verdadeiro só é possível através da contemplação dessas ideias, especialmente a ideia do bem, que é a mais elevada de todas.
Neste sentido a obra levanta um importantíssimo ponto, a política é a vida social não são fenômenos exclusivamente convencionais ou acordados, mas, são relacionados diretamente com a busca pela verdade, pela justiça e por toda virtude humana.
📌A justiça na República:
Platão redefine, como proposição conclusiva, a justiça como a harmonia entre as partes da sociedade e da alma. Não é apenas uma questão de comportamento externo, mas uma condição interna de equilíbrio e ordem. É uma concepção de justiça que pode ser chamada de organicista, porquê não se trata de casos de repetição de padrões e aplicáveis constantemente, trata-se da variação do comportamento que leve a harmonia do corpo individual e social.
Tal concepção de justiça é, sem dúvidas, uma das grandes precursoras para o que viria a se consolidar como Direito, ou, dito de outra forma, as reflexões inauguradas por Platão formalizam e demonstram a necessidade social dos meios pelos quais as instituições sociais podem ganhar em relevância epistêmica quando aderem a sua busca peala verdadeira justiça. Embora a ideia proposta por Platão esteja bastante distante das concepções modernas, é inegável que a sua construção de uma ideia de justiça permanece viva até os nossos dias.
📌O Governo dos Filósofos
Um dos pontos mais revolucionários da obra é a defesa do governo dos filósofos. Para Platão, o poder político deve estar nas mãos daqueles que compreendem a verdade e têm o conhecimento necessário para guiar a cidade de maneira justa e eficaz.
Talvez para nós supostamente acostumados com regimes democráticos modernos a proposta de Platão pareça centralizadora, aristocrática e até autoritária. No entanto, não podemos desvincular da completude de sua teoria a noção da governança centralizada nos chamados Reis Filósofos. A proposta de Platão visa respeitar a natureza humana, mesmo que isso possa ser complexo em nossos tempos, e por tentar respeitar tal natureza a sua proposta visa alcançar um grau de liberdade inviável no sistema vigente no momento de sua escrita.
📌A Educação
A educação, para Platão, não é meramente técnica ou utilitária, mas um processo filosófico profundo que leva à contemplação da verdade. Somente aqueles que passaram por esse processo têm a capacidade de governar com sabedoria.
A educação, nos moldes propostos por Platão, tem uma função social explícita de construção de harmonia. Ainda, possui uma dimensão absolutamente esclarecedora, demonstrando racionalmente as possibilidades aos indivíduos e buscando criar critérios de justiça individual e coletiva em todos os momentos.
📌A Alegoria da Caverna
A Alegoria da Caverna é uma das metáforas mais conhecidas da filosofia. Ela ilustra a relação entre o mundo sensível e o mundo das ideias, e o papel da educação na ascensão da alma para o conhecimento verdadeiro.
A alegoria, embora muito conhecida e comentada, permanece como grande lição para todos nós. Afinal, é através do sacrifício, do esforço e do trabalho - inclusive intelectual - que deixamos o mundo sensível, das aparências e acessamos os conceitos e as ideais justas. A capacidade de sair do senso comum, das sombras da ignorância, são os elementos fundamentais tanto para o desenvolvimento pessoal quanto o desenvolvimento coletivo como sociedade ou nação.
📌Relevância de "A República" na Filosofia Contemporânea
"A República" continua sendo uma obra fundamental para a filosofia política e a teoria da justiça. Suas ideias sobre a educação, o governo ideal, e a natureza do conhecimento influenciaram filósofos ao longo dos séculos, desde Aristóteles até pensadores modernos como John Rawls. Embora o modelo da cidade ideal de Platão possa parecer utópico e inatingível, sua análise das virtudes da alma e sua defesa do governo baseado no conhecimento ainda são temas de debate na filosofia e nas ciências sociais.
Talvez não se trate de uma obra utópica, mas, na verdade, uma busca conjectural de delimitação de sua realidade vivida e de busca por superações que sejam capazes de alcançar novos níveis de realização de nossa vida política, individual, epistêmica, ética, estética, etc.
📌Por fim...
"A República" de Platão é uma obra monumental que explora questões filosóficas fundamentais sobre a justiça, o conhecimento e a política. Platão não apenas propõe um modelo ideal de sociedade, mas também oferece uma visão profunda da natureza humana e do papel da educação e da filosofia no desenvolvimento de uma vida virtuosa. Ao longo dos diálogos, Platão nos convida a refletir sobre o que significa ser justo, o que constitui uma boa vida e como podemos alcançar o verdadeiro conhecimento.
Nada que eu possa escrever nesta resenha será capaz de superar a necessidade e grandeza que o estudo da obra diretamente pode proporcionar. Por isso, por mais que aqui estejam colocadas as ideias gerais propostas por Platão, somente o contato, estudo e leitura rigorosa, permitirá a você, estimado leitor (a), criar as reflexões pertinentes para as nossas questões mais íntimas como humanos.
Espero que tenha gostado deste texto. Caso possa, compartilhe, comente e ajude este texto a chegar no máximo de leitores possíveis.
Até breve.
Respeitosamente.
Prof. Ricardo
sábado, 12 de outubro de 2024
A ideia de amor na filosofia de Platão
O que é a política? Etimologia e história do conceito
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
Uma resenha de Apologia de Sócrates: ou sobre a radicalidade da razão
A Apologia de Sócrates, escrita por Platão, é uma obra que atravessa o tempo, ecoando a voz serena do filósofo ateniense que diante da acusação de impiedade e corrupção da juventude manteve a sua fidelidade ao que surgia ali e que hoje conhecemos como Filosofia.
O texto se torna um marco na história do pensamento ocidental e talvez transcenda este "lado" do globo, não por registrar a defesa de Sócrates em seu julgamento, mas também por apresentar um retrato singular da filosofia socrática e de seu impacto sobre a sociedade ateniense, fazendo da filosofia uma tradição humana única que flerta com a eternidade.
A obra se inicia com uma descrição de Sócrates como um homem de caráter humilde em comparação com seus acusadores e dedicado à busca da verdade, ou no mínimo como alguém que utilizava a figura humilde como recurso retórico convergente com o sistema de ideias que promovia. Ele não se apresentou como um sábio, mas como um questionador incansável da sabedoria alheia, revelando a ignorância dos que se acreditavam sábios apenas porque estes não resistiam as perguntas impostas. Em sua defesa, ele argumenta que sua missão não é corromper os jovens, mas sim despertá-los para a busca da virtude e do conhecimento conhecimento verdadeiro. O conhecimento verdadeiro não poderia ser encansado através da aceitação da autoridade de quem profere o discurso, mas a verdade se manifesta através do respeito pela própria ordem da razão.
Sócrates expõe a razão de sua incessante busca pela sabedoria: uma voz interior, um "demônio", que o guia e o impede de se envolver em atividades que julga indignas. Este "demônio" não possui um sentido cristão, uma vez que estamos lendo um texto de alguns séculos antes do nascimento de cristo e o sistema de credo espiritual ateniense é outro - é o sistema que chamamos de modo vulgar de mitologia grega.
Sócrates se recusa a seguir as convenções sociais e as leis que considera injustas, priorizando a busca pela justiça e pela verdade. Mas, vale o destaque, não se trata de uma recusa por capricho da opinião pessoal, ao contrário, trata-se de uma recusa por promover a razão como instrumento e critério. Não se trata do que Sócrates achava certo ou errado, mas sim do que a razão demonstrou ter consistência e veracidade ou não.
O texto retrata de modo brilhante e didático a ironia socrática, uma ferramenta fundamental em seu método de questionamento, um instrumento simultaneamente retórico e epistêmico. Ele utiliza a ironia para desmascarar a falsa sabedoria, expondo as contradições e a superficialidade dos discursos dos que se acreditam sábios. Essa técnica se torna um instrumento para estimular o raciocínio e o autoconhecimento.
A Apologia, também, demonstra a coragem e a serenidade de Sócrates diante da morte. Ele rejeita a covardia e a busca por salvação a qualquer custo, preferindo morrer defendendo seus princípios e sua busca pela verdade do que se acovardar e aceitar o sistema de mentiras que vigorava com naturalidade. Segundo Sócrates a morte não representa um fim, mas uma transição para outro estado de existência, onde ele poderá continuar sua busca pela sabedoria.
A obra também revela a crítica de Sócrates à política ateniense. Ele observa a corrupção do sistema político e a influência do dinheiro e do poder sobre as decisões. Ele prefere o caminho da sabedoria e da virtude, buscando a transformação individual em vez de se envolver naquela vida pública. Esta escolha o levou ao tribunal, foi justamente por buscar sair do sistema de ideias falsas que estas passaram a ser fragilizadas no sentido público e Sócrates passa a representar um risco para a sociedade ateniense.
Podemos definir que A Apologia de Sócrates é um texto que nos convida à reflexão sobre a natureza da verdade, a importância da busca pelo conhecimento e a necessidade de vivermos de acordo com os princípios da razão. A obra se torna um poderoso testemunho da importância da liberdade de pensamento, da coragem de defender a verdade e da necessidade de buscar a justiça em todas as esferas da vida e, acima de tudo, talvez seja a maior representação ou a mais radical representação de fidelidade à razão acima de qualquer outra dimensão humana, aquilo que se tornou a máxima da tradição filosófica ao longo de sua ainda viva história e que permitiu a esta tradição cobiçar a eternidade.
A Apologia de Sócrates é uma obra rica em lições para todas as épocas. Ela nos incentiva a questionar as verdades estabelecidas, a buscar a sabedoria e a viver com integridade, mesmo diante de desafios e adversidades. A obra se torna um farol de esperança para aqueles que buscam a verdade, a justiça e a virtude em um mundo muitas vezes dominado pela ignorância, pela covardia e pela injustiça.
Esta é só uma resenha, nada substitui a leitura desta obra clássica para a história das ideias e da tradição filosófica. Por isso, caso possa, dedique um tempo de sua vida nestas poucas páginas e grandes ideias.
#filosofia; #Socrates; #Platao; #apologiadesocrates; #buscapelasabedoria: #historiadafilosofia; #textosfilosoficos
E você, ficou com vontade de ler esta importância obra de Platão? Conte o que achou da resenha e das reflexões suscitadas nos comentários deste texto. Caso possa, ainda, apoie este trabalho compartilhando e indicando o portal para que cada vez mais possa produzir conteúdos educativos, filosóficos e reflexivos para as pessoas de forma aberta e livre.
Respeitosamente.
Professor Ricardo
sábado, 10 de agosto de 2024
Mergulhando nos Fundamentos: Uma importância vital da Filosofia
Saudações estimadas leitores e estimados leitores.
Quando não é oportunidade de mostrar a importância da tradição filosófica? Sempre que tenho oportunidade em espaços não convencionais, ou grupos de amigos (as), procuro garantir uma fala para defender o meu ofício, mas, acima de tudo, de ser mais uma voz que defende a contribuição única que a Filosofia oferece para cada ser humano e para toda a espécie.
Palavras-chave: Filosofia; Metafísica; Epistemologia; Ética; Lógica; Estética; questões da existência.
A Filosofia não é só isso, mas é um excelente convite à reflexão de cada pessoa e uma excelente oportunidade para a humanidade.
Imagine um mapa que nos guia pelas grandes questões da vida, especialmente mostrando que embora cada um de nós esteja sozinho em alguma perspectiva, todos nós compartilhamos a humanidade. Qual a origem do universo, da natureza, da realidade, o significado da existência? O estudo da tradição da filosofia é ter contato com esse mapa, um convite à reflexão profunda sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos ao lado das mentes que dedicaram a vida para produzir algo relevante e significativo para nossa espécie.
Neste texto, faremos uma jornada por alguns temas fundamentais que moldaram o pensamento filosófico ao longo dos séculos e que podem ser ocasiões encantadoras para despertar ao filosofar. Sem a menor pretensão de esgotar o assunto, nosso objetivo é despertar a curiosidade e convidar você a se aventurar nesse universo de ideias.
Em perspectiva da tradição filosófica, algumas áreas e conjunto de ideias formam pilares da filosofia.
Existe algo além da realidade material? O que existe além da realidade material? Qual a natureza da realidade? Questões sobre o ser, o existir, a substância, a realidade, a natureza, o espaço e o tempo compõem aquilo que a tradição filosófica chama de METAFÍSICA.
O humano é capaz de conhecer o mundo? Como adquirimos conhecimento? O que podemos conhecer de verdade? A busca pela certeza e a natureza da verdade é o objeto daquilo que na tradição filosófica se chama EPISTEMOLOGIA.
Por que somos como somos? Por que agimos como agimos? O que é o bem? Qual o sentido da vida? A busca pelos princípios morais que guiam nossas ações são os limites de um campo fértil da tradição filosófica chamada de ÉTICA.
Tudo que pensamos está certo? Como distinguir um pensamento correto de um falso? Como pensamos de forma correta? Quais são os princípios do raciocínio válido? A busca pela clareza e coerência no pensamento constitui o escopo de investigação da LÓGICA como uma das mais tradicionais áreas da filosofia em todos os tempos.
Por que algumas manifestações nos tocam com prazer e outras nos causam repulsa? O que é a beleza? Qual a função da arte? A busca pela compreensão da experiência estética e da estética no campo artístico constitui o conteúdo daquilo que a tradição filosófica chama de ESTÉTICA.
Grandes filósofos e grandes filósofas ao longo do tempo e de lugares trabalharam estas e muitas outras questões e registraram suas ideias, compreensões, interpretações e acima de tudo os critérios que os levaram a pensar como pensaram proporcionando uma das áreas de conhecimento mais antigas e mais interessantes já produzidas pela humanidade. Não é possível imaginar nenhum tema ou conteúdo que de alguma forma não pode se associar a uma produção filosófica muito relevante.
Tendo em vista que a tradição filosófica é abrangente na mesma medida que rigorosa é comum que outras áreas do conhecimento falem sobre assuntos filosóficos, mas, um destaque que é pertinente: não é porque falamos em vários momentos de questões filosóficas que estamos falando de forma filosófica. Para melhor ilustrar isso basta pensar em certos temas que podem ser maravilhosos convites para você acessar a filosofia, mas que não necessariamente lhe colocam filosofando. A busca pela verdade interior, o autoconhecimento é um dos temas mais antigos da filosofia, mas, também é tema de tantas outras áreas e até dos charlatões. Como a filosofia trata tal tema? Que tal investigar sobre como o método socrático foi elaborado e qual a sua contribuição sobre a busca da verdade interior?
Em algum momento de sua vida já pensou que possui uma alma? Você tem ideia de onde surgiu esta ideia de sermos portadores de uma alma além do corpo? Tem ideia de quem já falou sistematicamente sobre o tema? Já pensou que além das coisas materiais o mundo possui uma realidade inteira composta exclusivamente de ideias? Já refletiu sobre o que é verdadeiramente justiça diante de uma sensação de injustiça? Já indagou acerca das ilusões que já teve e quais os modos que você conseguiu sair da falsidade? Será que o pensamento, a reflexão e a razão se desenvolvem do mesmo jeito em todas as pessoas ou será que isso que achamos que nos une é uma farsa? Aqui, neste montante questões, muitas pessoas dedicaram o rigor e o trabalho mais consistente possível para superar os problemas, outras tantas formas de pensar também se desenvolveram com as mesmas questões, utilizando métricas diversas. Como comparar o pensamento da tradição filosófica com outras produções humanas? Só tem um jeito, caso nos colocamos na posição de ter uma vida intelectual, que não ignore os problemas e as incompreensões e engaje na busca pelo saber a filosofia é o único caminho!
A filosofia é uma jornada sem fim, isto significa que mesmo sem ter um fim o caminho permite o percorrer único e com critério para lidar com toda a complexidade da existência, do mundo natural e de nós mesmos. A filosofia não é apenas uma disciplina acadêmica, mas uma forma de vida onde a preocupação com as questões e as respostas que movem a realidade nunca podem ser ignoradas ou diminuídas. Ao refletir sobre as grandes questões da existência, ampliamos nossa compreensão do mundo e de nós mesmos. A jornada filosófica é um convite à autonomia intelectual e à busca por uma vida mais significativa.
Por isso, todas as vezes que você tiver oportunidade, que tal fazer como eu e criar uma condição de defender a importância da filosofia, tornando-a mais valorizada e enriquecendo as compreensões humanas e o nosso desenvolvimento pessoal.
Espero que tenha gostado deste texto e caso possa comente e compartilhe para alcançar o máximo de leitores e leitoras possíveis.
Obrigado pela oportunidade.
Atenciosamente.
domingo, 28 de julho de 2024
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