Saudações estimados (as) leitores (as).
Diante da complexidade da existência humana, da existência material, da existência espiritual e da existência dialética, parece-nos fundamental propor diretrizes que conduzam à boa formação, ou, ao menos, que levantem o debate de como formar-se adequadamente através das tradições filosóficas.
Em primeiro lugar, por mais óbvio que possa parecer, é necessário esclarecer a premissa que um bom filósofo (a) é alguém rigoroso, crítico, que desenvolve um conjunto de habilidades, de competências, de hábitos que lhe fornecem conhecimentos capazes de lhe proporcionar uma forma própria, única e especial de lidar e de explicar a realidade.
Talvez muitas pessoas tenham curiosidades filosóficas, ou tenham experiências filosóficas, no entanto, o filosófo ou a filósofa é aquele ou aquela que conduzem uma vida adequada à tradição filosófica. Os (as) filósofos (as) são àqueles que sistematicamente perguntam e respondem questões relativas ao "o quê", ao "porquê", ao "como" e o "em quais condições" uma realidade se manifesta. Em outros termos, a simples curiosidade ou o conhecimento fragmentado de algum aspecto da tradição não concede a uma pessoa o título de filósofo (a) - aquele formado na filosofia.
As questões e as respostas da tradição filosófica são àquelas que motivam a curiosidade acerca da distinção entre aparência e essência, sua possibilidade de comparação, ou sua necessidade condicional. É uma curiosidade acerca das bases nais quais se sustentam a realidade e as explicações desta realidade, é a busca pela compreensão de como os fenômenos se manifestam para concretizar a realidade e o porquê desta manifestação.
É comum dizer que "um bom filósofo (a) não aceita ideias sem examiná-las criticamente". Sim, é exatamente o exercício das competências críticas de examinar a realidade o labor que torna a tradição filosófica diferente de qualquer outra manifestação epistêmica humana. E, ainda, para conseguir adquirir tal competência é necessário dominar com rigor as contribuições da tradição filosófica, ou seja, compreender como contribuiram para a formação do pensamento filosófico aqueles filósofos e filósofas que colocaram os seus nomes e suas capacidades explicitadas para que outros, como nós, pudéssemos trilhar os nossos próprios caminhos. A tradição filosófica chega perto do seu terceiro milênio de existência, com vitalidade, força e pertinência para a humanidade.
O filosofar é um compromisso com o que chamamos de "rigor lógico", ou "razão", ou, ainda, de "rigor argumentativo". Este rigor quer dizer que o filosofar deve, necessariamente, identificar e construir argumentos dentro de limites válidos, reconhecer falácias e evitar na medida permitida pela realidade as contradições. Em suma, o filosofar é o fundamento do qual se tornam legítimos os raciocínios através de metodologias que garantam a legitimidade do saber.
O filosofar deve compreender as diversas lógicas, a formal, a informal, a dialética, a estética, a epistêmica, a política, a ética, etc. Somente com a compreensão das razões é que nos distanciamos dos riscos do engano, da ignorância e da mentira. Somente distinguindo o válido do inválido podemos lidar com a dinâmica da realidade e da aparência.
Para um bom filosofar, ou um filosofar adequado, é preciso definir com precisão termos e condições para evitar ambiguidades ou desvios interpretativos significativos no sistema explicativo da realidade. Podemos chamar essa preocupação de " capacidade de clareza conceitual" ou de "linguagem técnica" para limitar os sentidos dos termos no estrito terreno e tempo a que servem e ainda permitindo que permaneçam instrumentos pelos quais podemos construir a nossa própria formação com rigor e precisão.
O caminho pelo qual devemos nos emepnhar, portanto, é bastante óbvio, é o estudo rigoroso, sistemático e crítico acerca dos fenômenos para distinguir a realidade da aparência. Para isso, os conhecimentos anteriores, a chamada " história da filosofia", aparece como um conjunto de instrumentos que permitem ao filosofar mecanismos adequados ou mecanismos de apoio para lidar com as problemáticas que enfrentamos.
Mas, evidentemente, não basta ter as ferramentas, conhecer a história da filosofia, para compreender a realidade. É preciso se apropriar de tal modo da tradição que ela não se torne dogma a ser repetido, mas, instrumento que nos permite identificar fenômenos, comparar situações, refletir problemas e indicar caminhos de compreensão. Filosofar é reconhecer a tradição, o rigor do estudo e o rigor da razão para contribuir para humanidade mesmo tendo uma existência limitada.
Caso o senhor ou a senhora, estimado leitor (a), permita um conselho. Uma vida sem filosofia é uma vida eminentemente suscetível a aparência, ao engano, ao falso, por isso, parece-nos relevante que todos nós humanos sejamos "buscadores da sabedoria". Filosofar pode ser para todos, mas não é. Somente os que trabalham para filosofar correm o risco de conseguir, os demais, infelizmente, não poderão acessar.
Espero que este texto lhe motive e incentive a buscar uma formação filosófica. Sim, você e todos nós podemos. Trabalhe para isso! Que tal começar agora? Escreva aqui nos comentários como você distingui uma experiência da realidade de uma experiência aparente e o que fundamenta a sua visão.
Respeitosamente.

Como sempre falo: Independentemente da formação ou da área de atuação de uma pessoa, ter essa visão filosófica de investigação e crítica (na concepção literal da palavra, ou seja, examinar e julgar) é fundamental.
ResponderExcluirQue honra ter o privilégio de sua leitura. Obrigado meu irmão!
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