O que é a Filosofia?
É muito difícil responder o que é a filosofia de modo
objetivo. Ao longo da história do pensamento diversas manifestações
intelectuais receberam este nome. Para tentar esclarecer de modo introdutório
vamos utilizar o ideário proposto por uma das maiores filósofas brasileiras, a
Professora Marilena Chaui (1941-).
De modo geral “podemos dizer que a filosofia se constitui
quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as
crenças cotidianas” (CHAUI, 2014, p.18).
A produção do pensamento filosófico exige o esforço
racional para validar ou invalidar as ideias que possuímos e, para isso, é
necessário argumentar, isto é, construir um raciocínio que seja elucidativo. É preciso
debater, isto é, confrontar argumentos para que sejam verificadas suas
validades, consistências e inconsistências.
Ao argumentar e debater compreendemos de modo mais
consistente e profundo as ideias que temos sobre as coisas do cotidiano, as
coisas do mundo e de nós mesmos.
De certo modo podemos afirmar que o filosofar é uma espécie
de atitude crítica. “Crítica provém do grego e tem três sentidos principais: ‘capacidade
para julgar, discernir e decidir corretamente’; ‘exame racional, sem
preconceito e sem prejulgamento de todas as coisas’; ‘atividade de examinar e
avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um costume, um comportamento, uma
obra artística ou científica’” (CHAUI, 2014, p.19).
Podemos caracterizar esta atitude crítica, o filosofar,
como a unidade de dois procedimentos intelectuais e práticos: um procedimento
negativo e um procedimento positivo.
A característica positiva da atitude crítica consiste em
negar, em dizer não, aos modos corriqueiros com os quais levamos a vida e a
explicamos. É um não aos preconceitos, é um não aos prejuízos, é uma indagação,
um questionamento e uma problematização daquilo que nos parece óbvio e natural.
É, de certo modo, desconstruir as ideias que temos.
A característica positiva da atitude crítica consiste em
buscar as respostas para as problematizações, para as interrogações e para as
indagações que fizemos, é construir argumentação, é sistematizar compreensões
para entender a totalidade que compõe o objeto que estamos investigando. É
responder ao menos: “O que é?”; “Como é?”; e “Por que é?”.
Em suma, adentramos na atitude crítica que promove o
filosofar quando negamos o modo como estamos habituados a entender o mundo, as
coisas e nós mesmos. Então, iniciamos um esforço para construir ideias, racionais,
que validem ou invalidem as nossas crenças com base na argumentação, no debate
e na compreensão.
“Para a filosofia, não sabemos o que imaginávamos saber –
ou como dizia Sócrates, começamos a buscar o conhecimento quando somos capazes
de dizer ‘Só sei que nada sei’” (CHAUI, 2014, p.19).
Referência bibliográfica: CHAUI, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática,
2014
Texto produzido pelo Professor Ricardo Lopes (Professor de
Filosofia)
Este material foi produzido com finalidade pedagógica para os alunos (as) da primeira série do Ensino Médio.
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