terça-feira, 15 de outubro de 2024
15 de Outubro, o dia do professor e da professora - Uma homenagem
domingo, 13 de outubro de 2024
Uma resenha de "A República", de Platão
Saudações fraternas.
Uma das obras mais importantes da história da filosofia, e talvez da humanidade, foi escrita no século IV antes de Cristo, por aquele que se tornou referência clássica, Platão (c. 428 a.C.-347 a.C.). Não seria errado definir "A República" como obra de Filosofia Política, mas, é preciso reconhecer que ela não contribui exclusivamente para esta área, contribui muitíssimo para a Ética, a Epistemologia, a Antropologia e talvez mais uma dezena de campos de investigação humana.
Escrita por volta de 380 a.C., "A República" (em grego, Politeía) é uma obra em forma de diálogo, onde Sócrates, o mestre de Platão, é a personagem principal. O contexto da obra é marcado por um período de grandes transformações políticas em Atenas, após a Guerra do Peloponeso, que enfraqueceu a democracia ateniense e levou a uma série de conflitos e instabilidades internas. Platão, profundamente desiludido com a política de seu tempo, propõe nesta obra uma reflexão sobre a natureza da justiça, a organização ideal da sociedade e a educação dos agentes sociais, principalmente marcando um contraste nítido entre o ideal e o mundano.
"A República" é uma obra filosófica de grande abrangência que busca responder a perguntas fundamentais sobre a justiça, o conhecimento e a verdadeira natureza da realidade. Além disso, a obra é uma verdadeira síntese das principais ideias da filosofia platônica, como a teoria das ideias, o mito da caverna e a doutrina do filósofo-rei.
Exploraremos, nesta ocasião, uma resenha geral sobre a obra, deixando para futuras ocasiões o estudo pormenorizado e técnico do texto.
📌 Estrutura da Obra
"A República" está dividida em dez livros (ou seções), nos quais Platão explora de forma dialética (através de diálogos) os problemas da justiça e da sociedade ideal. A obra começa com uma discussão sobre a natureza da justiça e, ao longo do texto, desenrola-se em uma análise abrangente da política, da ética, da epistemologia e da metafísica.
📌Principais Temas e Argumentos
O Problema da Justiça (Livros I e II)
O diálogo começa com uma discussão entre Sócrates e outros personagens (Céfalo, Polemarco, Trasímaco) sobre a natureza da justiça. Sócrates logo desafia as definições tradicionais, como a justiça sendo "dizer a verdade e pagar as dívidas" ou "dar a cada um o que lhe é devido". O sofista Trasímaco argumenta que a justiça não é mais do que o interesse do mais forte, ou seja, uma questão de poder, não de moralidade.
É aqui que Platão começa a desenvolver uma teoria ideal de justiça, que não se baseia no interesse dos poderosos, mas na harmonia e na ordem da alma e da cidade. Platão rejeita a visão cínica de Trasímaco e sugere que a justiça é algo intrinsecamente valioso, tanto para o indivíduo quanto para a cidade, e não apenas o interesse dos fortes ou uma convenção social.
A Cidade Ideal e a Divisão das Funções Sociais (Livros II-IV)
Para entender a justiça no indivíduo, Sócrates propõe uma analogia com a cidade. Ele começa a descrever como seria a cidade ideal (kallipolis), alegando que ela seria composta por três classes principais, cada uma com uma função específica: Produtores ou artesãos (agricultores, artesãos, comerciantes) – responsáveis pela produção de bens; Guardas (guardiões ou soldados) – encarregados da defesa e da manutenção da ordem; Governantes (filósofos-reis) – aqueles que detêm o conhecimento verdadeiro e são responsáveis pela tomada de decisões.
Cada uma dessas classes corresponde a uma parte da alma humana, que Platão divide em três: A parte racional – relacionada à busca pela verdade e à sabedoria; A parte irascível – associada à coragem e à vontade; A parte apetitiva – ligada aos desejos e às necessidades corporais.
A justiça na cidade emerge quando cada classe cumpre sua função sem interferir nas funções das outras. Da mesma forma, a justiça no indivíduo ocorre quando as três partes da alma estão em harmonia, com a razão controlando os apetites e a coragem auxiliando.
A justiça é uma forma de harmonia, tanto na cidade quanto na alma. A cidade ideal é aquela em que todos desempenham suas funções adequadamente, sem conflitos ou usurpações.
A Educação e a Alegoria da Caverna (Livros V-VII)
Platão dedica uma parte significativa da obra à educação, especialmente dos filósofos-reis. Ele argumenta que os governantes da cidade ideal devem ser filósofos, pois só eles têm acesso ao conhecimento verdadeiro (a episteme), enquanto as demais pessoas vive limitada no mundo das opiniões (a doxa).
Neste ponto, Platão introduz sua famosa Alegoria da Caverna (Livro VII), uma metáfora poderosa que ilustra a diferença entre o mundo das aparências e o mundo das ideias. Na alegoria, os seres humanos estão presos em uma caverna, vendo apenas sombras projetadas na parede, sem perceber que há uma realidade verdadeira fora da caverna. O filósofo é comparado àquele que escapa da caverna e vê o mundo real (o mundo das ideias), compreendendo a forma do bem, que é a fonte de toda verdade e conhecimento.
A educação é o processo de ascensão da alma, do mundo das sombras (opiniões) para o mundo da luz (conhecimento verdadeiro). O governante ideal é aquele que compreende a verdade última (a forma do bem) e pode guiar a cidade com sabedoria.
O Mito de Er e a Imortalidade da Alma (Livro X)
No último livro, Platão apresenta o Mito de Er, uma narrativa sobre a vida após a morte. O mito descreve como as almas são julgadas após a morte e escolhem seu próximo destino. A importância dessa passagem é dupla: Platão reforça a ideia da reencarnação e da vida justa como uma preparação para a outra vida, e também oferece uma conclusão moral para toda a obra, enfatizando que vale a pena viver uma vida justa, pois isso traz recompensas tanto nesta vida quanto na próxima.
A justiça é recompensada no além-vida, e a alma é imortal. O Mito de Er serve como um incentivo para a prática da justiça, sugerindo que o destino da alma após a morte está diretamente ligado à conduta moral realizada em vida.
📌A Teoria das Ideias na República:
A doutrina das ideias ou formas é central na filosofia de Platão e permeia "A República". Para Platão, as ideias são realidades eternas e imutáveis, das quais o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita. O conhecimento verdadeiro só é possível através da contemplação dessas ideias, especialmente a ideia do bem, que é a mais elevada de todas.
Neste sentido a obra levanta um importantíssimo ponto, a política é a vida social não são fenômenos exclusivamente convencionais ou acordados, mas, são relacionados diretamente com a busca pela verdade, pela justiça e por toda virtude humana.
📌A justiça na República:
Platão redefine, como proposição conclusiva, a justiça como a harmonia entre as partes da sociedade e da alma. Não é apenas uma questão de comportamento externo, mas uma condição interna de equilíbrio e ordem. É uma concepção de justiça que pode ser chamada de organicista, porquê não se trata de casos de repetição de padrões e aplicáveis constantemente, trata-se da variação do comportamento que leve a harmonia do corpo individual e social.
Tal concepção de justiça é, sem dúvidas, uma das grandes precursoras para o que viria a se consolidar como Direito, ou, dito de outra forma, as reflexões inauguradas por Platão formalizam e demonstram a necessidade social dos meios pelos quais as instituições sociais podem ganhar em relevância epistêmica quando aderem a sua busca peala verdadeira justiça. Embora a ideia proposta por Platão esteja bastante distante das concepções modernas, é inegável que a sua construção de uma ideia de justiça permanece viva até os nossos dias.
📌O Governo dos Filósofos
Um dos pontos mais revolucionários da obra é a defesa do governo dos filósofos. Para Platão, o poder político deve estar nas mãos daqueles que compreendem a verdade e têm o conhecimento necessário para guiar a cidade de maneira justa e eficaz.
Talvez para nós supostamente acostumados com regimes democráticos modernos a proposta de Platão pareça centralizadora, aristocrática e até autoritária. No entanto, não podemos desvincular da completude de sua teoria a noção da governança centralizada nos chamados Reis Filósofos. A proposta de Platão visa respeitar a natureza humana, mesmo que isso possa ser complexo em nossos tempos, e por tentar respeitar tal natureza a sua proposta visa alcançar um grau de liberdade inviável no sistema vigente no momento de sua escrita.
📌A Educação
A educação, para Platão, não é meramente técnica ou utilitária, mas um processo filosófico profundo que leva à contemplação da verdade. Somente aqueles que passaram por esse processo têm a capacidade de governar com sabedoria.
A educação, nos moldes propostos por Platão, tem uma função social explícita de construção de harmonia. Ainda, possui uma dimensão absolutamente esclarecedora, demonstrando racionalmente as possibilidades aos indivíduos e buscando criar critérios de justiça individual e coletiva em todos os momentos.
📌A Alegoria da Caverna
A Alegoria da Caverna é uma das metáforas mais conhecidas da filosofia. Ela ilustra a relação entre o mundo sensível e o mundo das ideias, e o papel da educação na ascensão da alma para o conhecimento verdadeiro.
A alegoria, embora muito conhecida e comentada, permanece como grande lição para todos nós. Afinal, é através do sacrifício, do esforço e do trabalho - inclusive intelectual - que deixamos o mundo sensível, das aparências e acessamos os conceitos e as ideais justas. A capacidade de sair do senso comum, das sombras da ignorância, são os elementos fundamentais tanto para o desenvolvimento pessoal quanto o desenvolvimento coletivo como sociedade ou nação.
📌Relevância de "A República" na Filosofia Contemporânea
"A República" continua sendo uma obra fundamental para a filosofia política e a teoria da justiça. Suas ideias sobre a educação, o governo ideal, e a natureza do conhecimento influenciaram filósofos ao longo dos séculos, desde Aristóteles até pensadores modernos como John Rawls. Embora o modelo da cidade ideal de Platão possa parecer utópico e inatingível, sua análise das virtudes da alma e sua defesa do governo baseado no conhecimento ainda são temas de debate na filosofia e nas ciências sociais.
Talvez não se trate de uma obra utópica, mas, na verdade, uma busca conjectural de delimitação de sua realidade vivida e de busca por superações que sejam capazes de alcançar novos níveis de realização de nossa vida política, individual, epistêmica, ética, estética, etc.
📌Por fim...
"A República" de Platão é uma obra monumental que explora questões filosóficas fundamentais sobre a justiça, o conhecimento e a política. Platão não apenas propõe um modelo ideal de sociedade, mas também oferece uma visão profunda da natureza humana e do papel da educação e da filosofia no desenvolvimento de uma vida virtuosa. Ao longo dos diálogos, Platão nos convida a refletir sobre o que significa ser justo, o que constitui uma boa vida e como podemos alcançar o verdadeiro conhecimento.
Nada que eu possa escrever nesta resenha será capaz de superar a necessidade e grandeza que o estudo da obra diretamente pode proporcionar. Por isso, por mais que aqui estejam colocadas as ideias gerais propostas por Platão, somente o contato, estudo e leitura rigorosa, permitirá a você, estimado leitor (a), criar as reflexões pertinentes para as nossas questões mais íntimas como humanos.
Espero que tenha gostado deste texto. Caso possa, compartilhe, comente e ajude este texto a chegar no máximo de leitores possíveis.
Até breve.
Respeitosamente.
Prof. Ricardo
sábado, 12 de outubro de 2024
A ideia de amor na filosofia de Platão
O que é a política? Etimologia e história do conceito
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
Estudar é o Único Caminho
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
Uma resenha de Apologia de Sócrates: ou sobre a radicalidade da razão
A Apologia de Sócrates, escrita por Platão, é uma obra que atravessa o tempo, ecoando a voz serena do filósofo ateniense que diante da acusação de impiedade e corrupção da juventude manteve a sua fidelidade ao que surgia ali e que hoje conhecemos como Filosofia.
O texto se torna um marco na história do pensamento ocidental e talvez transcenda este "lado" do globo, não por registrar a defesa de Sócrates em seu julgamento, mas também por apresentar um retrato singular da filosofia socrática e de seu impacto sobre a sociedade ateniense, fazendo da filosofia uma tradição humana única que flerta com a eternidade.
A obra se inicia com uma descrição de Sócrates como um homem de caráter humilde em comparação com seus acusadores e dedicado à busca da verdade, ou no mínimo como alguém que utilizava a figura humilde como recurso retórico convergente com o sistema de ideias que promovia. Ele não se apresentou como um sábio, mas como um questionador incansável da sabedoria alheia, revelando a ignorância dos que se acreditavam sábios apenas porque estes não resistiam as perguntas impostas. Em sua defesa, ele argumenta que sua missão não é corromper os jovens, mas sim despertá-los para a busca da virtude e do conhecimento conhecimento verdadeiro. O conhecimento verdadeiro não poderia ser encansado através da aceitação da autoridade de quem profere o discurso, mas a verdade se manifesta através do respeito pela própria ordem da razão.
Sócrates expõe a razão de sua incessante busca pela sabedoria: uma voz interior, um "demônio", que o guia e o impede de se envolver em atividades que julga indignas. Este "demônio" não possui um sentido cristão, uma vez que estamos lendo um texto de alguns séculos antes do nascimento de cristo e o sistema de credo espiritual ateniense é outro - é o sistema que chamamos de modo vulgar de mitologia grega.
Sócrates se recusa a seguir as convenções sociais e as leis que considera injustas, priorizando a busca pela justiça e pela verdade. Mas, vale o destaque, não se trata de uma recusa por capricho da opinião pessoal, ao contrário, trata-se de uma recusa por promover a razão como instrumento e critério. Não se trata do que Sócrates achava certo ou errado, mas sim do que a razão demonstrou ter consistência e veracidade ou não.
O texto retrata de modo brilhante e didático a ironia socrática, uma ferramenta fundamental em seu método de questionamento, um instrumento simultaneamente retórico e epistêmico. Ele utiliza a ironia para desmascarar a falsa sabedoria, expondo as contradições e a superficialidade dos discursos dos que se acreditam sábios. Essa técnica se torna um instrumento para estimular o raciocínio e o autoconhecimento.
A Apologia, também, demonstra a coragem e a serenidade de Sócrates diante da morte. Ele rejeita a covardia e a busca por salvação a qualquer custo, preferindo morrer defendendo seus princípios e sua busca pela verdade do que se acovardar e aceitar o sistema de mentiras que vigorava com naturalidade. Segundo Sócrates a morte não representa um fim, mas uma transição para outro estado de existência, onde ele poderá continuar sua busca pela sabedoria.
A obra também revela a crítica de Sócrates à política ateniense. Ele observa a corrupção do sistema político e a influência do dinheiro e do poder sobre as decisões. Ele prefere o caminho da sabedoria e da virtude, buscando a transformação individual em vez de se envolver naquela vida pública. Esta escolha o levou ao tribunal, foi justamente por buscar sair do sistema de ideias falsas que estas passaram a ser fragilizadas no sentido público e Sócrates passa a representar um risco para a sociedade ateniense.
Podemos definir que A Apologia de Sócrates é um texto que nos convida à reflexão sobre a natureza da verdade, a importância da busca pelo conhecimento e a necessidade de vivermos de acordo com os princípios da razão. A obra se torna um poderoso testemunho da importância da liberdade de pensamento, da coragem de defender a verdade e da necessidade de buscar a justiça em todas as esferas da vida e, acima de tudo, talvez seja a maior representação ou a mais radical representação de fidelidade à razão acima de qualquer outra dimensão humana, aquilo que se tornou a máxima da tradição filosófica ao longo de sua ainda viva história e que permitiu a esta tradição cobiçar a eternidade.
A Apologia de Sócrates é uma obra rica em lições para todas as épocas. Ela nos incentiva a questionar as verdades estabelecidas, a buscar a sabedoria e a viver com integridade, mesmo diante de desafios e adversidades. A obra se torna um farol de esperança para aqueles que buscam a verdade, a justiça e a virtude em um mundo muitas vezes dominado pela ignorância, pela covardia e pela injustiça.
Esta é só uma resenha, nada substitui a leitura desta obra clássica para a história das ideias e da tradição filosófica. Por isso, caso possa, dedique um tempo de sua vida nestas poucas páginas e grandes ideias.
#filosofia; #Socrates; #Platao; #apologiadesocrates; #buscapelasabedoria: #historiadafilosofia; #textosfilosoficos
E você, ficou com vontade de ler esta importância obra de Platão? Conte o que achou da resenha e das reflexões suscitadas nos comentários deste texto. Caso possa, ainda, apoie este trabalho compartilhando e indicando o portal para que cada vez mais possa produzir conteúdos educativos, filosóficos e reflexivos para as pessoas de forma aberta e livre.
Respeitosamente.
Professor Ricardo
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
Ludificação ou gamificação: uma proposta crítica sobre os jogos aplicados na educação
Saudações estimados e estimadas.
A gamificação, ou ludificação, surgiu da observação de como os jogos engajam e motivam as pessoas, de todas as idades. Não há uma pessoa que não se lembre de brincadeiras, jogos e passatempos que eram muito divertidos e de alguma forma fixavam informações em nossa mente. Mas, como grande parte dos elementos de nosso mundo atual, a ludicidade se tornou mercadoria, ganhou contornos de inovação e passou a integrar o cardápio de consumo, inclusive no âmbito educacional.
Muitos educadores (as) relevantes dedicaram seu trabalho sobre o aspecto lúdico e em demonstrar os benefícios de tais mecanismos no processo de escolarização, com resultados expressivos de aprendizagem, de capacidade criativa e de socialização efetiva. No entanto, foi quando os desenvolvedores de software perceberam que elementos como desafios, recompensas e progressão poderiam ser aplicados para consolidar engajamento com atividades de diversas áreas, como a educação, que a expressão gamificação ficou popular e ganhou mercado educacional.
A ideia da gamificação na educação é relativamente simples, trata de transformar tarefas e atividades em algo mais divertido e interessante, incluindo nestas situações os elementos constituintes de jogos, articulando os saberes sobre entretenimento puro com objetivos pedagógicos/educacionais.
📌Os fundamentos pedagógicos da gamificação ou ludificação:
A gamificação ou ludificação se baseia em princípios psicológicos e pedagógicos que articulam os objetivos com os instrumentos capazes de produzir oportunidades. Está intencionalidade aliada a instrumentos arquitetados são a base tanto de situações de aprendizagem relevantes quanto base de milhares de produtos que passaram a integrar o ambiente educacional. Para distinguir a boa ludificação ou gamificação da má, precisamos refletir sistematicamente sobre o uso da técnica.
Ao transformar o aprendizado em uma experiência lúdica, a gamificação pode despertar a curiosidade e o interesse dos alunos (as), o que pode ser definido como aumento da motivação em situações de ensino e aprendizagem. Precisamos ficar atentos para estes mecanismos não se tornarem técnicas de propagandas que utilizam a interação como elemento manipulador dos desejos, ou seja, quando utilizamos uma tecnologia ou situação de ludificação ou gamificação em ambiente escolar não estamos numa zona neutra e pura de preocupação intelectual e formativa. Na verdade, estamos articulando uma série de objetos intelectuais em favor de um comportamento, por isso, a visão crítica é a única maneira de professores (as) e alunos (as) lidarem com este nosso fenômeno.
Através de desafios, competições e recompensas, os alunos se sentem mais envolvidos com o processo de aprendizagem, afinal, cria-se a sensação de conquistas em prazos curtos, um reforço positivo aos comportamentos estudantis e uma dinâmica de visualização do processo que acontece diante dos olhos do sujeito ativo. O elemento que deve deter a nossa cautela é se as situações propostas geram o efeito inverso, ou seja, gera sensação de frustração em demasia, reforço negativo e desmotivação.
Ao resolver problemas e superar obstáculos, os alunos e alunas desenvolvem habilidades como criatividade, colaboração e resolução de problemas, evidentemente que atrelados às estratégias propostas na atividade gamificada.
A gamificação permite que os alunos recebam o resultado de sua atividade de modo imediato, revelando características sobre seu desempenho, o que os ajuda a identificar seus pontos fortes e fracos. Esta resposta imediata que a gamificação proporciona pode ser utilizada como um balizador importante para intervenção e melhoria da aprendizagem e deve ser cuidadosamente pensado para não se tornar reforço negativo, afinal o erro é parte fundamental no processo de aprendizagem - ousando ainda afirmar que provavelmente ao longo do processo de ensino e aprendizagem provavelmente mais erramos do que acertamos.
📌 Exemplos de gamificação na educação:
Muitas plataformas online utilizam elementos de gamificação, como pontos, "badges", rankings e níveis, para motivar os alunos a estudar. No entanto, o método não deve ser visto exclusivamente sob a ótica da tecnologia aplicada em sala de aula, mas, sim, deve ser vista como técnica lúdica que pode acontecer sem a mediação de tecnologia.
Simulações de situações reais, como experimentos científicos ou negociações comerciais, permitem que os alunos aprendam de forma prática e divertida. Ou seja, pode ser interessante aos docentes construir situações de aprendizagem onde os (as) estudantes possam participar de modo ativo no processo, onde cada estudante tenha a capacidade de usar os seus saberes já existentes, descobrir procedimentos que ainda não dominam mas podem auxiliar na resolução e, por sim, que estimule a participação de todos no processo.
A criação de quizzes e desafios gamificados torna a revisão do conteúdo mais interessante e interativa. Em suma, ao invés de propor testes repetitivos, estressantes e demasiadamente exaustivos, os professores e professoras podem criar situações onde este tipo de vivência seja mais leve, mais alegre e motivadora. Pode-se usar o mecanismo competição, caso seja interessante para a situação de aprendizagem, ou pode criar uma métrica onde cada estudante desafia a superação de si mesmo, ultrapassando suas próprias dificuldades e evitando a comparação com os colegas.
A utilização dessas técnicas permite criar experiências de aprendizado imersivas e envolventes. Aqui reside a essência metodológica, quando um docente planejar uma situação ludificada ou gameficada, deve cuidar para a prática do estudante ser ativa num contexto que lhe pede tal postura. Os alunos trabalham sozinhos ou em equipe para resolver enigmas e desafios, físicos e intelectuais, aplicando os conhecimentos adquiridos em sala de aula.
📌Benefícios da gamificação e responsabilidades:
Estudos em pedagogia e estudos patrocinados por empresas que investem nesta metodologia mostram que a gamificação pode melhorar o desempenho dos alunos em diversas áreas. Já é possível encontrar bibliografia qualificada para conhecer e aplicar de modo responsável tais técnicas de ensino. Mas, precisamos reconhecer que a euforia com as situações lúdicas e gamificadas tem produzido no contexto escolar e até mesmo no seio dos lares um uso sem mediação destes recursos, o que pode gerar efeitos negativos em perspectiva psicológica uma vez que não há controle humanizado dos reforços positivos e negativos que a atividade está provocando.
Ao tornar o aprendizado mais divertido e engajador, a gamificação ajuda os alunos a reter o conteúdo por mais tempo. O que antigamente era tratado como memorização de determinado objeto de aprendizagem ganhou instrumentos novos e mais eficientes para utilização. No entanto, cada tipo de atividade gamificada possui suas virtudes e suas limitações. Por isso, parece-nos importante recomendar que toda e qualquer atividade ludificada ou gamificada deva ser experienciada sob a supervisão de um profissional que possa verificar os impactos das atividades.
A gamificação pode promover o desenvolvimento de habilidades como criatividade, colaboração, comunicação e resolução de problemas, que são essenciais para o sucesso no mundo atual. Lembrando sempre a necessidade de mediação de um profissional capaz de mensurar os efeitos integrais no sujeito e não exclusivamente cognitivos.
📌Considerações Importantes:
É importante encontrar um equilíbrio entre os elementos de jogo e o conteúdo a ser aprendido. Toda prática educacional possui intencionalidade, mas, acima de tudo, toda prática educacional possui a preocupação em formar integralmente o sujeito educando.
A gamificação deve ser adaptada às necessidades e interesses de cada aluno. A personalização pode em muitos momentos evitar a comparação entre os membros de um determinado grupo e levar todos ao objetivo comum da aprendizagem, mas, este é um processo que depende do empenho firme docente e não do meio utilizado para torna a situação lúdica ou gamificada.
Os objetivos de aprendizagem devem ser evidentes e alinhados com os elementos de gamificação. Toda situação de aprendizagem possui bem determinados os objetivos, ou seja, quando aplicarmos esta metodologia ela deve ser compreendida como uma situação momentânea e com prazo de início e fim. Talvez não seja interessante submeter por longos períodos os (as) estudantes submetidos a esta lógica sob a consequência de tornar mais difícil lidar com atividades de outro cunho, tais como os saberes tradicionais exigem como ler por tempos maiores, escrever de maneira individual sem recurso externo, aplicação de metodologias científicas, linguísticas, expressivas, filosóficas e matemáticas.
📌 Por fim...
Em suma, a gamificação é uma ferramenta poderosa que pode transformar algumas situações da educação, tornando-a mais eficaz, engajadora e divertida. Ao utilizar elementos de jogos, a gamificação pode motivar os alunos e alunas, desenvolver habilidades importantes e promover o aprendizado significativo.
Como toda técnica, é preciso dominar os fundamentos, planejar as aplicabilidades e avaliar com cautela os impactos que serão produzidos. Por isso, embora estejamos vivendo uma espécie de euforia das metodologias ativas, da luduficação ou gamificação na educação, devemos ter compromisso com todas as demais dimensões que envolvem os processos educativos, formativos e escolares.
E você, já aprendeu algo de modo lúdico? Que tal contar as suas experiências no campo de comentários abaixo?
#educação; #metodologias ativas; #lúdico; #ludificação; #gamificação; #jogos educativos; #situações de aprendizagem; #responsabilidades com aplicação metodológica.
O seu apoio fortalece o nosso trabalho. Caso possa, ajude este texto a chegar para mais pessoas: Compartilhe, comente e curta!
Até breve.
Respeitosamente/Atenciosamente.
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
Relações Desumanas no Trabalho
Saudações.
O ambiente de trabalho, que deveria ser um espaço de crescimento e desenvolvimento, ou no mínimo um lugar de busca por alguma harmonia social, muitas vezes se transforma em um campo minado de relações desumanas. A pressão por resultados, a competitividade exacerbada e a falta de empatia têm gerado um cenário cada vez mais desgastante para os profissionais.
Talvez seja demasiado esperançoso esperar do ambiente laboral possibilidades de crescimento e desenvolvimento, mas, sinceramente, talvez o nosso contexto pode ser chamado de cruel. As relações humanas básicas estão deterioradas. Um colega ou nós mesmos adoecemos, qual a reação dos que ficam no trabalho e dos "chefes"? Somos tratados com amizade, coleguismo e um mínimo de atenção, ou somos vistos como um problema, uma pessoa que atrapalha na ocasião? Quem se importa em saber como estamos nestes momentos?
Muitas são as situações em que relações desumanas acontecem nos espaços profissionais de nossos tempos, para tentar elucidar a questão, gostaria de expor algumas condições degradantes que estamos sujeitados. Quem sabe buscando esclarecer não mudamos um pouco a nossa experiência?
Sentir-se valorizado é fundamental para qualquer profissional. A ausência de reconhecimento pelo trabalho realizado pode gerar desmotivação e insatisfação. A falta de reconhecimento pode ser ilustrada de várias formas: quando o profissional é tratado como substituível de modo recorrente, quando o trabalho desempenhado é tratado como feito que qualquer um poderia fazer, ou, quando ausente todos se comportam como se tudo estivesse normal e a ausência fosse irrelevante.
Atitudes como humilhação, críticas constantes e isolamento podem causar danos psicológicos e físicos aos trabalhadores. Estas situações são recorrentes nos ambientes profissionais, muito embora as justificativas não sejam sempre explícitas. Quando o ambiente produz um grupo que supostamente está "alinhado" e outro que não, o desgaste é inevitável. Obviamente, quando existe relações de poder envolvidas, as situações se tornam ainda mais cruéis.
A exigência de cumprir metas cada vez mais altas em prazos curtos pode levar ao estresse e à exaustão. O mito do máximo de trabalho com o mínimo de recursos, para otimizar gastos, leva aos que estão trabalhando no limite de uma vulnerabilidade única. Quando os resultados ou falhas acontecem, a aparência é que tal pessoa foi incompetente, quando, na verdade, a estrutura desgastou tanto que tornou inviável cumprir as expectativas. A frustração se torna pessoal, mas trata-se de uma falha coletiva.
A comunicação explícita e eficaz é essencial para um bom relacionamento interpessoal. A falta dela pode gerar conflitos e mal-entendidos. Quando se pressupõe atuações e responsabilidades, sem a existência de combinados firmados, aqueles que se julgam afetados passam a realizar julgamentos injustos que humilham os que estão no objeto da crítica.
As relações desumanas no trabalho não são apenas um problema individual, mas um problema social que precisa ser combatido. É fundamental que as instituições e empresas invistam em um ambiente de trabalho mais humano e saudável, onde todos se sintam valorizados e respeitados. E, nós trabalhadores (as) temos obrigação de fazer nossa parte e atuar sistematicamente em nome da humanidade nas relações laborais.
Comente abaixo e me diga o que achou deste texto! Contribuiu para pensar a respeito do tema?
#relaçõesdesumanas #trabalho #bemestar #saudemental #culturaorganizacional
Até breve.
domingo, 1 de setembro de 2024
"Naquela Mesa": Uma experiência de memória e saudade
Saudações.
A canção "Naquela Mesa", imortalizada na voz de Nelson Gonçalves e de tantos intérpretes ilustres, transcende as notas musicais e se transforma em um verdadeiro retrato da alma humana através de uma poética única. Através de versos simples e carregados de emoção, a música nos convida a uma profunda reflexão sobre a importância da família, da memória e da inevitabilidade da perda.
Para que você possa sentir do que estou falando e dos motivos pelos quais escolhi esta música, gostaria de compartilhar algumas das versões que mais gosto e emocionam:
📌A mesa como símbolo:
A mesa, elemento central da canção, representa muito mais do que um simples móvel. Ela se torna um símbolo do lar, do aconchego e dos momentos compartilhados com os entes queridos. É ao redor da mesa que se reúnem as famílias, que se contam histórias e que se fortalecem os laços afetivos.
Quando pensamos na expressão "naquela mesa", o nosso imaginário faz uma ligação direta com nossas memórias, proporcionando imediatamente uma imagem mental para nós, imagem esta que nos leva as nossas próprias histórias de casa. Foi naquela mesa que recebemos os conselhos, que ouvimos as anedotas, que conversamos sobre os planos de família... em suma, a figura da mesa nos suscita memórias, lembranças e afetos.
📌A ausência e a saudade:
No entanto, a canção também nos confronta com a dor da ausência. A mesa, antes repleta de vida e alegria, torna-se um lugar de saudade e melancolia. A figura paterna, antes presente e acolhedora, agora está ausente, deixando um vazio imenso no coração de quem ficou.
É evidente que a música "pega" mais quem passou pela perda, mas, não é só sobre essa ligação pessoal que a música afeta. Na verdade, a canção proporciona uma dimensão de ancestralidade, de ligação com nossas raízes familiares, entendendo este termo menos como categoria e mais como laço afetivo.
No fim das contas, quem ficou, quem experiencia a vida, precisa lidar com o fenômeno da finitude e a tristeza não é dispensável, mas, ao contrário, é uma experiência fantástica da vida por nos colocar na dimensão precisa de lidar com a falta que nos faz os lugares vazios que outrora foram preenchidos por pessoas amadas.
📌A força da memória:
Mesmo diante da dor, a música nos mostra a força da memória. As lembranças dos momentos vividos ao redor daquela mesa são como um bálsamo para a alma, permitindo que a figura do pai continue viva no coração de quem o amou.
A memória é uma forma de existência real. Através da memória podemos superar a nossa limitação temporal do agora, fazendo do passado uma força do hoje. A música explora isso de forma magnânima, demonstrando o nosso potencial de honrar os nossos afetos e lembrar como nos tornamos estes de hoje.
📌Um legado atemporal:
"Naquela Mesa" é mais do que uma simples canção. É um hino à vida, à família e à memória. Suas palavras ecoam em nossos corações, nos lembrando da importância de valorizar os momentos presentes e de cultivar os laços afetivos.
Talvez nem todas as pessoas tenham a sorte deste tipo de vínculo trazido na canção, mas, inclusive para quem não teve, ergue-se a possibilidade de sentir este tipo de experiência. Por isso, talvez não seja exagero falar que a música possui um legado atemporal.
Naquela mesa é uma expressão poética do amor, da valorização da vida e da memória, expressão de nostalgia e saudade, mas, acima de tudo, é expressão da condição humana que está sujeita as tristezas e saudades oriundas de nossa finitude.
📌Explorando a letra:
Nada que eu fale ou tente explicar pode substituir o contato direto com a poesia e a potência do próprio compositor. Por isso, para finalizar este texto gostaria de lhe proporcionar o contato direto com o que tentei expor.
Naquela mesa
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Naquela mesa 'tá faltando ele
E a saudade dele 'tá doendo em mim
Fonte: LyricFind
Compositores: Sergio Bittencourt
Letra de Naquela mesa © Editora e Importadora Musical Fermata do Brasil Ltda.
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E você, tem alguma lembrança especial relacionada a uma mesa e à família? Compartilhe nos comentários!
Até breve!
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
Como estudar através de Fichamento?
Saudações!
Estudar corretamente, com método e instrumentos adequados, tornou-se um diferencial em nossos tempos, e, talvez, sempre foi. No entanto, por mais que estejamos em uma era de muitos recursos e ferramentas ainda não podemos afirmar que as pessoas estão estudando mais e melhor. Na verdade, basta uma simples conversa com quem passou as últimas décadas em sala de aula para ouvir uma experiência consistente de como as coisas mudaram neste tempo, especialmente nos tempos e qualidades dos estudos realizados por nossos estudantes (os motivos são muitos para tal afirmação, mas, não é o caso tratar aqui nesta ocasião).
Para contribuir com quem está com dificuldades nesta importante atividade humana estou produzindo esta série de materiais de como estudar. Nesta ocasião, vou tratar de um método antigo, mas que possui qualidade para tratar uma gama considerável de objetos de aprendizagem e são fundamentais para que você possa se qualificar.
📌O que é um fichamento?
Usamos a palavra fichamento ou fichar para indicar uma ação e o resultado desta, na verdade, a ação de fazer fichas, que em nosso caso especial são fichas de estudo.
Fichar é criar um meio organizado de anotações, de seleção de dados, de definições conceituais, de resumo personalizado de um livro, artigo ou qualquer outro material de estudo. É uma ferramenta poderosa para organizar ideias, memorizar informações e facilitar a revisão dada a necessidade do esforço para expressar em um espaço determinado e curto enquanto se realiza o esforço de produção.
O bom fichamento é aquele que concentra o máximo de significados, informações e dados com o mínimo de recursos gráficos - desculpe a definição grosseira, mas é para criar um parâmetro bem definido para o método que é centrado no esforço de aglutinar sentidos e não na estética gráfica (esta última é apenas um recurso e pode ser muito fértil se bem utilizada).
📌Por que e quando fazer um fichamento?
Para melhorar a compreensão. Ao resumir as ideias principais de um determinado objeto de aprendizegem você aprofunda o seu entendimento sobre o assunto.
Para facilitar a memorização: Ao organizar as informações de forma visual e organizada, a memorização se torna mais fácil de acontecer. Afinal, você dedicou tempo de qualidade interagindo com as informações que deseja manter na memória.
Para realizar a revisão de algo: Com um fichamento bem feito, você encontra rapidamente o que precisa na hora de estudar para provas ou trabalhos, criando uma dinâmica própria e pessoal para a sua aprendizagem.
Quando pretende desenvolver a capacidade de síntese: Ao resumir textos ou outros objetos de aprendizagem, você aprende a identificar as ideias mais importantes e a expressá-las de forma concisa através de uma processo de seleção deliberada.
📌Como fazer um fichamento?
1° Escolha o tipo de fichamento:
Existem diferentes tipos de fichamentos, como o de citação direta (transcreve trechos do texto), o de resumo (apresenta as ideias principais com suas próprias palavras) e o misto (combina os dois).
Descubra qual o tipo mais adequado ao seu modo de aprender, o mais funcional para as suas necessidades e qual o mais alinhado com os seus objetivos na situação de estudo.
2° Organize suas fichas:
Crie um modelo de ficha que funcione para você. Inclua informações como título do texto, autor, data, página e o resumo ou citação. Neste momento a preocupação estética pode ser aplicada, mostrando o seu capricho, mas, acima de tudo, criando elementos gráficos que lhe ajudem a realizar a tarefa.
Fique tranquilo, com o tempo é comum que os fichamentos mudem de estrutura, de formas e conteúdos, afinal, conforme conhecer mais a si mesmo, compreenderá os caminhos mais férteis e os recursos mais necessários.
3° Leia atentamente o texto:
Sublinhe as partes mais importantes e anote suas dúvidas. É importante entender que a ficha é o produto final neste método, logo, é importante você ter recursos de rascunho e anotações livres antes de concretizar o resultado final.
Não deixe as dúvidas permanecerem dúvidas. Use as suas inferências do objeto de estudo como referência para solucionar as suas dúvidas. Caso não seja possível, isso significa que a sua pergunta não encontrará resposta neste objeto, ou seja, necessitará de novas oportunidades de aprendizagem e estudos. Este processo é contínuo, nem tudo precisa se resolver de uma vez.
4° Resuma ou cite:
Escreva as informações mais relevantes, usando suas próprias palavras ou transcrevendo trechos do texto. Preocupe-se em manter uma estrutura de linguagem explícita. A ficha é um apoio para entender um objeto de aprendizegem, então, na ficha devemos ter cuidado para dar as "pistas" precisas para que você encontre o que precisa.
5° Revise seu fichamento:
Verifique se as informações estão corretas e se o resumo é claro e conciso. Caso esteja tudo bem determinado, sua ficha está feita. Caso sinta falta de alguma informação, de alguma indicação ou referência, busque melhorar o seu fichamento e em caso de necessidade refaça-a.
📌Para finalizar o seu fichamento:
Evite copiar grandes trechos do texto original, assim garante o esforço de sua compreensão. Caso precise, cite de forma objetiva, ou seja, selecionando bem a passagem que será transcrita.
Seja objetivo, assim o fichamento cumpre a sua função de instrumento do seu processo de aprendizagem, mantendo a finalidade de recurso simples que lhe permite saber tudo que tem no material estudado e pode ser consultado numa ocasião futura.
Faça desenhos ou diagramas. Os elementos gráficos podem lhe ajudar a entender melhor uma determinada estrutura sequencial, ciclica, horizontal, vertical ou seja qual for a natureza do raciocínio que esteja estudando.
Utilize diferentes cores. Destaque as ideias principais e facilite a visualização. Busque criar certo padrão de cores para facilitar o momento em que terá que revisitar seus fichamentos, ou seja, se todo conceito você registra de azul e todo exemplo de preto na hora que estiver buscando o conceito ideal para uma situação poderá verificar primeiro a semelhança dos exemplos para posteriormente verificar a adequação ao conceito. Este procedimento pode ser útil em muitas situações diferentes e em várias áreas do conhecimento.
Revise seus fichamentos regularmente. A verificação e a repetição é a uma auxiliar da aprendizagem. Você poderá aperfeiçoar o seu processo de aprendizagem a cada esforço novo que fizer.
📌 Por fim... sobre o método.
O fichamento é uma ferramenta simples e eficaz para melhorar seus estudos, um excelente método para que você assuma postura ativa diante de um objeto de aprendizegem. Ao dedicar um tempo para organizar suas ideias, você estará investindo no seu sucesso acadêmico.
Lembre-se: O mais importante é encontrar um método que funcione para você. Adapte essas dicas e crie um sistema de estudo personalizado, valorizando suas habilidades já existentes e desafiando a construção de novas.
Gostaria de mais dicas sobre como estudar de forma eficaz?
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Abraços fraternos.
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
26/08/2024 ‐ Homegem aos dois anos da morte de meu mestre
Saudações.
De antemão gostaria de me desculpar pelos erros de gramática, semântica e/ou outros que cometa neste texto. Nesta ocasião permiti a emoção tomar o lugar das mãos que digitaram o texto, sem revisão ou releitura, assim, quem sabe, algo mais puro da psiquê seja expresso.
Hoje, dia 26 de agosto de 2024, a data é demasiadamente triste, ao menos para mim. Faz dois anos que estou privado da relação com o meu maior mestre, o meu querido pai José. Ainda tenho a enorme alegria de ter minha maior mestra, minha querida mãe Célia, da qual espero ter longa experiência e muitas lições, mas, infelizmente, hoje, longe de meu amado pai.
A vida nos proporciona pessoas especiais para nos fornecer oportunidades de aprender, foi muita alegria ter o privilégio de nascer filho do Zé! Foi meu pai que ensinou que muitas vezes a nossa existência sofre, mas, em todas essas experiências estamos ao lado de pessoas que fazem tudo valer a pena.
Ele lutou para conseguir oportunidades para si, mas cada oportunidade que conquistou o levou a compartilhar os frutos com os outros. Ele lutou várias batalhas sozinho, a maioria ao lado de sua esposa, minha querida mãe, muitas com seus filhos, meus queridos irmãos e eu, mas, com certeza ele dividiu tudo para melhorar este mundo através de cada pessoa que pode atingir. Atingiu muita gente, felizmente!
Meu querido pai permitiu que eu entendesse com muita nitidez que educação e sabedoria não dependem de escolaridade, mas, dedicou a sua vida inteira para que meus irmãos e eu pudéssemos desfrutar da melhor escolarização, da melhor educação e da melhor sabedoria. O que mais um pai deve ofertar aos seus filhos?
Houve épocas de abundâncias materiais e outras de escassez. No entanto, nunca houve época de escassez de amor, companheirismo, amizade, dedicação e alegria. Leciono há mais de uma década filosofia, mas, confesso que a lição que mais tento valorizar é a humanização e esta "matéria" aprendi com meus mestres de casa. O meu querido pai era amigo das pessoas simples e das pessoas complexas, era amigo daqueles que não tiveram oportunidades e de quem teve muita oportunidade, era amigo de alguém que via pela primeira vez e de quem conhecia por décadas. Amizade, no sentido que proponho aqui, era respeitar integralmente, nunca se colocou acima de ninguém e jamais permitiu ficar abaixo de ninguém. Existe algo mais humano que isso?
Muitas vezes recebemos o que nos oferecem, muitas vezes oferecemos para os outros, por isso a grande pergunta: se não temos controle do que recebemos, então nosso esforço deve se concentrar em quê?
Neste segundo ano desde a perda confesso que ainda não superei tudo que passamos. Sinceramente, hoje, não penso mais em superar. Nada poderá amenizar a tristeza e a saudade, nada vai substituir o abraço e a boa prosa. Nada vai superar o amor que vivemos em forma de cotidiano. Não há arrependimento e não há o que eu não tenha dito que ele não sabia. Essa tristeza que está comigo é uma tristeza que levarei até o fim dos meus dias, porquê se não for deste jeito seria muito estranho, seria desumano.
Meu querido pai, sinto tanto a sua falta que converso com você, peço conselhos e troco miudezas com o vento. De alguma forma sei que está aqui, como algo espiritual místico ou simplesmente porquê somos uma só coisa de alguma maneira. Na verdade, tudo que você construiu tornou eterna a sua existência e isso conforta cada lágrima deste rosto que lhe escreve essa pequena homenagem. Queria ter palavras melhores para expressar a verdade toda, mas, enquanto não possuo, escrevo com toda a verdade que cabe nas que tenho agora.
Pai, você está aqui. Sempre estará!
Como se formar através das filosofias: ou sobre buscar à sabedoria
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